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Oportunidades e desafios da parceria Brasil-China

Oportunidades e desafios da parceria Brasil-ChinaFoto: Portos Paranaguá

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A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, intensificada pelas novas tarifas impostas por Donald Trump, pode abrir caminho para que o Brasil amplie sua presença no mercado asiático. No entanto, enquanto o País tenta ocupar espaços deixados pelos americanos, um fator decisivo começa a ganhar mais peso nas relações comerciais com Pequim: o alinhamento entre produção agropecuária, combate ao desmatamento e segurança alimentar.

A China ainda não estabeleceu critérios socioambientais formais para a importação de carne, grãos e outros alimentos, como já fez a União Europeia. Mas isso não significa indiferença. O país tem dado sinais claros de que pretende vincular suas compras ao compromisso ambiental dos parceiros. O principal motivo é estratégico: as mudanças climáticas já afetam diretamente a produção agrícola chinesa, elevam os preços e colocam em risco a estabilidade do sistema alimentar interno.

Nos bastidores diplomáticos, o Brasil tem aproveitado a tensão sino-americana para reforçar sua posição como fornecedor de confiança. Só nesta semana, o agronegócio brasileiro enviou sua maior delegação da história à China, em busca de novos contratos e oportunidades. Mas especialistas alertam: ampliar a presença no mercado asiático dependerá também da capacidade de o país comprovar que produz com responsabilidade ambiental.

Um mercado exigente e consciente

A preocupação com o desmatamento está no centro da discussão. Dados recentes apontam que, com a intensificação do controle na Amazônia, o Cerrado passou a concentrar a maior parte da destruição vegetal no país. Para os compradores chineses, essa tendência é preocupante — e pode afetar a reputação dos produtos brasileiros, especialmente diante da pressão de investidores internacionais e consumidores urbanos mais exigentes.

Na prática, isso significa que os produtores rurais devem se preparar para atender padrões cada vez mais rigorosos, mesmo que ainda não sejam obrigatórios por lei.

Essa tendência representa um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade: Aqueles que investirem em tecnologias de rastreabilidade, manejo sustentável do solo e redução do desmatamento estarão em vantagem competitiva no mercado chinês.

Em meio à disputa comercial global, o Brasil tem diante de si uma oportunidade concreta de fortalecimento da sua balança comercial. Mas a janela não ficará aberta para sempre — boas práticas podem ser o passaporte mais importante nesta nova fase da relação com a China.