O Cerrado brasileiro foi escolhido para sediar a primeira aceleradora de paisagens regenerativas do mundo. Batizado de Landscape Accelerator – Brazil (LAB), o programa reúne instituições empresariais e governamentais com o objetivo de fomentar o uso sustentável da terra e ampliar a adoção da agricultura regenerativa em larga escala.
Segundo o Valor Econômico, a iniciativa faz parte da Action Agenda on Regenerative Landscapes (AARL), lançada durante a COP28, em 2023, e será apresentada na COP30, marcada para novembro, no Pará.
O LAB é liderado pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) e o Boston Consulting Group (BCG), com apoio técnico do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“O LAB também é uma prova de conceito para replicar essa experiência em outros países, como a Índia. Tem o objetivo de ser um agregador, conseguir em um ambiente pré-competitivo superar as barreiras que hoje dificultam as práticas regenerativas.”, afirmou Juliana Lopes, diretora do Cebds.
Ela destacou ainda que a proposta funciona como uma prova de conceito, com potencial de ser replicada em países como a Índia. “Ao manejar melhor o espaço, é possível ter sustentabilidade e eficiência”, acrescentou.
Financiamento como motor da transformação
Um dos pilares do LAB é a mobilização de recursos financeiros privados para impulsionar a transição. Segundo Juliana, o programa lançou um convite à ação para levantar US$ 3 bilhões até 2030. “Esse valor seria o gatilho, o que vai desencadear essa transição e permitir que o capital restante venha”, afirmou Juliaana.
A diretora também acompanha estudos para implementar abordagem semelhante no bioma amazônico, com previsão de apresentação em julho.
Embora já existam diversas iniciativas-piloto em curso, inclusive de empresas integrantes do LAB, Juliana alerta para a necessidade de um direcionamento estratégico comum. O objetivo é integrar os esforços existentes e garantir escala para as soluções regenerativas, superando barreiras técnicas e econômicas enfrentadas pelos produtores.
Empresas apostam em práticas regenerativas
Entre as empresas que participam do LAB, a Bayer apresentou no Cerrado Summit sua experiência com o programa PRO Carbono, criado em 2020. A iniciativa promove o manejo conservacionista e a redução da pegada de carbono em lavouras de soja, milho, algodão e culturas de cobertura.
Com atuação em 16 estados e mais de 1.900 produtores envolvidos, o programa cobre 220 mil hectares. Segundo a empresa, as práticas regenerativas aumentam a produtividade em 11% e o sequestro de carbono em 16%, em média.
A Nestlé também integra o LAB com ações voltadas às cadeias de leite, café e cacau. Mais de 10 mil produtores participam de programas que, além da agricultura regenerativa, contemplam bem-estar animal e direitos humanos.
“No Brasil, em 2024, já chegamos a 41% das principais matérias-primas cobertas por agricultura regenerativa”, afirmou Bárbara Sollero, head da área na Nestlé Brasil.
Na cadeia do leite, fazendas classificadas como padrão ouro obtiveram 8% mais silagem de milho na mesma área, com 18% menos emissões e 15% de aumento na rentabilidade. A meta global da empresa é atingir 25% de adoção das práticas regenerativas nas principais matérias-primas até o fim de 2025.
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