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Veja quem são os primeiros afetados por tarifaço dos EUA

Veja quem são os primeiros afetados por tarifaço dos EUASetor de manga foi o primeiro a sentir o impacto. Foto: Marcelo Casal/Agência Brasil

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Enquanto a diplomacia tenta encontrar um caminho para a negociação, o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre os produtos do Brasil, na semana passada, já causa sérios prejuízos práticos ao agronegócio brasileiro, travando embarques e gerando perdas milionárias em diversos setores.

O setor de manga, por exemplo, foi o primeiro a sentir o impacto direto. Produtores do Vale do São Francisco suspenderam os envios previstos para agosto, que poderiam render mais de US$ 50 milhões. A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) projeta uma queda de até 70% nas exportações da fruta em 2025 devido à medida.

Na indústria de pescados, a situação é igualmente alarmante. A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) reporta mil toneladas de peixe retidas nos portos, o equivalente a 58 contêineres. Com cerca de 70% das exportações brasileiras de pescado destinadas aos EUA, a entidade alerta para graves impactos em pescadores artesanais e o risco iminente de demissões em massa.

A onda de cancelamentos e suspensões se espalha. A Casa Apis, uma cooperativa do Semiárido, confirmou o cancelamento de uma compra de 95 toneladas de mel orgânico do Sul do Piauí por um cliente norte-americano, com a tarifa de 50% sendo o motivo explícito.

Outros setores, como os citricultores, adotam uma postura de cautela e aguardam as negociações governamentais.

“Temos que deixar o governo fazer as ações, fazer a defesa e negociar. Acho que uma boa conversa é muito melhor do que uma má discussão”, ponderou Antonio Carlos Simonetti, presidente da Câmara Setorial da Citricultura do Estado de São Paulo.

O Brasil é o maior fornecedor de suco de laranja para os EUA, responsáveis por mais de 40% das nossas exportações. Embora a produção de Simonetti siga normal por enquanto, a incerteza paira no ar.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), por sua vez, já se mobilizou. A entidade participa de uma série de reuniões com representantes dos governos federal e estaduais, entidades de classe e parlamentares, iniciadas nesta segunda-feira (14) e que seguem até quarta-feira (16).

O café está entre os dez principais produtos de exportação brasileira para os EUA, com o café torrado representando 4,7% dessas exportações, o que reforça a urgência das discussões.

Os frigoríficos brasileiros também já paralisaram a produção de cortes de carne bovina para os EUA. Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), informou ao Globo Rural que os contratos precisarão ser renegociados e que os embarques estão inviáveis para este ano.

Segundo a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o prejuízo para pecuaristas do estado pode chegar a R$ 1 bilhão.

As usinas de açúcar e etanol também entraram na conta do prejuízo. Segundo a consultoria Datagro, a tarifa representa um custo adicional de mais de US$ 100 milhões para as empresas brasileiras. Em 2024, o Brasil exportou cerca de 310 milhões de litros de etanol para os EUA, e a nova taxa elevaria os custos em US$ 90,9 milhões para o etanol e US$ 27,9 milhões para o açúcar.

 

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