A Embrapa Instrumentação (SP) criou um método totalmente novo para combater a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), uma das pragas que mais ameaçam a cultura do milho. O sistema utiliza sensores de imagem e Inteligência Artificial (IA) para fazer uma “inspeção digital” das plantas, localizando a lagarta tanto nas folhas quanto na espiga do milho.
Antes, a única forma de encontrar essa praga era através da observação humana, um processo lento, cansativo e sujeito a erros. A nova solução digital elimina essa subjetividade, garantindo uma detecção muito mais rápida e precisa.
O milho é um dos cereais mais importantes do mundo e a lagarta-do-cartucho é uma ameaça séria à produção. Ela ataca a planta em todas as suas fases (vegetativa e reprodutiva) e é tão destrutiva que pode causar perdas de até 70% da colheita, segundo dados da Embrapa. Além do milho, a praga também causa grandes estragos em outras culturas, como a soja e o algodão.
A busca por uma alternativa de detecção precoce motivou os pesquisadores Alex Bertolla e Paulo Cruvinel a desenvolverem esta metodologia, que foi detalhada no artigo “Computational Intelligence Approach for Fall Armyworm Control in Maize Crop”. O objetivo é dar a agrônomos e laboratórios ferramentas para resultados mais confiáveis e rápidos.
Como o sistema de IA funciona?
O método une várias tecnologias para criar um sistema de “visão” avançada:
- Visão Computacional e Processamento de Imagens: o sistema “enxerga” e processa as imagens coletadas.
- Aprendizado de Máquina (Machine Learning): é o coração do sistema. Ele permite que o software aprenda a reconhecer a lagarta a partir de um grande volume de dados de treinamento.
- Aprendizado Profundo (Deep Learning): é uma técnica avançada que usa redes neurais artificiais para refinar o reconhecimento da praga em diferentes situações.
Para funcionar na prática, basta acoplar uma câmera fotográfica simples (que produza imagens de boa resolução) em implementos agrícolas. Enquanto a máquina opera na lavoura, a câmera coleta automaticamente as imagens das plantas.
O algoritmo, desenvolvido na linguagem Python, analisa essas imagens digitais para identificar o estágio de crescimento, o desenvolvimento e a frequência de ocorrência da lagarta. No estudo, por exemplo, a IA foi treinada com 2.280 imagens para conseguir classificar cinco distintos estágios de desenvolvimento da praga.