Por André Garcia
Mesmo após registrar o menor número de focos de calor da história em setembro, Mato Grosso segue em alerta para o risco de incêndios florestais. Diante da previsão de chuvas abaixo da média para outubro, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMMT) mantém equipes mobilizadas em diversas regiões.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no mês passado foram contabilizados 2.294 focos, o menor número desde o início da série histórica, em 1998. O resultado também é 88% inferior ao registrado no mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 19.964 focos.
Ainda assim, o estado não está livre do fogo. Só nas últimas 24 horas, foram registrados 327 focos de calor. Destes, 187 estão no Cerrado, 127 na Amazônia e 13 no Pantanal. Os dados são do Satélite de Referência (Aqua Tarde). No domingo (5/10), os bombeiros extinguiram três incêndios florestais, e mantiveram outros cinco sob controle.
“A missão ainda não terminou. Seguimos em período crítico e é fundamental que cada militar permaneça imbuído do mesmo compromisso e determinação para que possamos encerrar esta temporada com resultados vitoriosos e ainda mais expressivos”, destaca o coronel BM Heitor Fernandes da Luz, diretor operacional do CBMMT.
O monitoramento estadual também identificou 43 focos de calor em andamento — sendo 23 incêndios florestais e 20 queimadas irregulares. As ações integram a Operação Infravermelho, que utiliza imagens de satélite para detectar áreas críticas e coibir o uso ilegal do fogo.
Proibição do uso do fogo
Em Mato Grosso, o Decreto Estadual nº 1.403/2025 proibiu a queima para limpeza e manejo de áreas na Amazônia e no Cerrado entre 1º de julho e 30 de novembro, e no Pantanal entre 1º de junho e 31 de dezembro. As exceções são para pesquisas científicas ou ações de órgãos públicos.
Em caso de qualquer indício de incêndio florestal, a orientação é que a denúncia seja feita imediatamente pelos números 193 (Corpo de Bombeiros) ou 190 (Polícia Militar).
Punições e responsabilização
Com a estiagem e a baixa umidade do ar elevando o risco de fogo no campo, a omissão pode custar caro. Neste ano, o início de queimadas em florestas ou outras vegetações nativas já gera multa de R$ 10 mil por hectare ou fração. No caso de florestas cultivadas, o valor é de R$ 5 mil.
Recentemente, o proprietário de uma área privada recebeu multa de R$ 80 milhões pelo início de um incêndio que atingiu o Parque Estadual da Serra Azul, em Barra do Garças (511 km de Cuiabá). A perícia apontou a origem criminosa do fogo, causado por negligência humana durante o uso de uma fogueira em acampamento.
Em Cáceres (218 km de Cuiabá), um homem foi preso em flagrante após ser visto ateando fogo na vegetação nas imediações da Serra do Facão. Ele responderá por crime ambiental, conforme a Lei Federal nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), que prevê multas pesadas e pena de reclusão.
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