Por André Garcia
Nos primeiros nove meses do ano, a China importou 86,18 milhões de toneladas de soja, superando em 5,5% o nível do mesmo período do ano passado. Desse total, a participação dos embarques do Brasil ficou entre 85% e 89%, segundo levantamento do Commerzbank.
De acordo com o relatório, divulgado pelo Globo Rural, nesta terça-feira (14), foram 12,87 milhões de toneladas da oleaginosa importadas apenas em setembro – um aumento de 13% em relação ao mesmo mês do ano anterior e o segundo maior volume desde o início da série histórica, em janeiro de 2001.
Em julho e agosto, pouco mais de 3% e menos de 2% vieram dos EUA, respectivamente. Dados sobre a origem da soja em setembro serão publicados pela autoridade alfandegária em alguns dias. Há muitos indícios de que a maior parte das importações no mês também veio do Brasil, ressalta o banco.
“Isso ocorre porque a nova safra americana está apenas começando a chegar ao mercado, o que provavelmente se refletirá em importações com um atraso de um a dois meses”, destaca o documento.
Guerra tarifária
Outro fator determinante é que as tarifas de importação de 10% da China sobre a soja americana, em vigor desde a primavera, provavelmente afastaram os compradores chineses. A recente escalada no conflito comercial entre os EUA e a China, portanto, ocorre em um momento muito desfavorável para os exportadores americanos.
“O preço da soja, portanto, está sob pressão. No entanto, como a queda de preço tem sido bastante limitada, o mercado aparentemente permanece esperançoso de que um acordo ainda seja alcançado”, aponta o Commerzbank.
Brasil em destaque
Neste cenário, os produtores brasileiros assumiram posição de destaque, preenchendo o vácuo deixado pelos Estados Unidos. A situação é o foco de alerta da American Farm Bureau Federation, entidade agrícola centenária que representa 6 milhões de agricultores norte-americanos.
Em relatório, a instituição aponta que o volume embarcado de soja dos EUA ao mercado chinês recuou quase 78% na comparação entre janeiro e agosto deste ano e o mesmo período de 2024 — quando o gigante asiático foi responsável pela compra de quase metade das exportações norte-americanas.
“Mesmo quando os agricultores americanos produzem safras com preços competitivos, a China tem reduzido constantemente sua dependência dos Estados Unidos, voltando-se para o Brasil, a Argentina e outros fornecedores”, cita o relatório.
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