Em um movimento estratégico antes da COP30, seis das mais importantes entidades ligadas ao agronegócio criaram a Riac (Rede de Inteligência em Agricultura e Clima).
A principal missão desta aliança é firmar o Brasil como o líder global na adoção de uma agricultura tropical regenerativa. A meta é demonstrar que é possível aliar alta produtividade a práticas de baixo carbono e à efetiva proteção da biodiversidade. As informações são do Estadão.
A rede inclui FGV Agro, Insper Agro Global, FDC Agroambiental, Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Agroicone e Instituto Equilíbrio. A iniciativa também conta com o suporte do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
A criação da Riac é motivada pela “urgência de cooperação” e pela necessidade de estabelecer ações conjuntas “baseadas em evidências técnicas e científicas, e não tanto em narrativas”, segundo Ludmila Rattis, pesquisadora da FDC e do Ipam.
“Por muito tempo, esse debate ficou paralisado em uma falsa dicotomia entre produzir e conservar. Mas agora, com a rede, queremos construir uma terceira via pragmática, baseada em ciência”, disse ela.
Diálogo
Um dos primeiros passos da Riac será promover o diálogo com setores público e privado durante a COP30.
O ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e enviado especial do setor agrícola para o evento, será o porta-voz central. Ele levará à conferência um documento unificado, tecnicamente revisado pelas instituições que compõem a Riac.
Para assegurar a lisura de suas propostas, a rede adota o apartidarismo como princípio: o objetivo é ter “neutralidade política para pautar o diálogo, porque queremos atuar com independência e imparcialidade para construir consenso entre os diferentes atores”.
A internacionalização das discussões é um ponto crucial para a Riac. Com esse objetivo, os estudos e materiais produzidos pelas entidades da rede já estão disponíveis em inglês na plataforma da Riac.
Durante a COP30, a rede planeja promover uma consulta aprofundada com nações produtoras. O foco será o Índice de Agricultura Regenerativa Tropical, desenvolvido pela FDC, que tem previsão de se tornar uma métrica global em até dois anos.
“Usaremos essa oportunidade para sentar com 16 países produtores agrícolas nos trópicos, mostrar esse arcabouço e entender se funciona para eles ou não”, afirma.

