Por André Garcia
A busca por experiências autênticas e maior contato com a natureza abriu um novo caminho de renda para quem vive no campo. O turismo rural avança como tendência no País e oferece ao produtor a chance de diversificar a propriedade, revitalizar terras subutilizadas, valorizar a cultura local e ampliar a receita sem abrir novas áreas.
De acordo com a pesquisa “Demanda Turismo Rural”, divulgada pelo Ministério do Turismo (MTur) em parceria com a SPRINT Dados e a Rede Turismo Rural Consciente (Rede RDC), 74% dos turistas que buscam o segmento procuram o interior do país para contemplar a natureza.
Com forte vocação agropecuária e algumas das paisagens mais emblemáticas do Brasil, a região Centro-Oeste reúne todos os atributos que o turista busca. É um território marcado pela produção de alimentos, pela cultura sertaneja, pelo modo de vida simples e por uma diversidade ambiental que passa pela Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Os dados mostram evidenciam o potencial de crescimento da região. Juntos, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul respondem por 22% da procura nacional por turismo rural, mas apenas 10% dos turistas da pesquisa são da própria região. Ou seja, há espaço para crescer tanto com visitantes de fora quanto com o público local.

Crédito: MTur
A virada da Estância Maués
Um bom exemplo de como isso pode ser feito é a Estância Maués, no município de Santo Antônio do Leverger (MT), cidade com pouco mais de 15 mil habitantes. Administrada por Carlos Olsson e sua família, a propriedade, originalmente dedicada à produção leiteira, conta hoje com pousada e café da manhã pantaneiro.
“Depois da Copa de 2014, enxergamos no interior uma nova oportunidade. Como a fazenda já era autossustentável, fizemos a mudança para viver longe da correria urbana”, relembra o produtor, que contou apoio técnico do Sebrae/MT para estruturar o novo modelo de negócio.
Para 73% das pessoas que visitam o campo, a comida caseira é o principal atrativo. Além disso, entre mais de 40 atividades disponíveis, as trilhas lideram a preferência com 60% das respostas. De olho nisso, Carlos e a família já se preparam para ampliar as atividades oferecidas na propriedade.
“Estamos planejando transformar a pousada em um hotel fazenda. Queremos oferecer trilhas, passeios a cavalo, ordenha de vacas e outras vivências. Tudo isso contribuirá para aumentar a renda e fortalecer o empreendimento”, acrescenta ele.

Almoço na Estância Maués. Foto: Divulgação
Financiamento
Para quem pretende seguir o mesmo caminho, o Fungetur pode ser o caminho mais rápido para organizar a estrutura inicial, melhorar a comunicação do empreendimento, criar áreas de recepção, investir em banheiros adequados, ampliar cozinhas ou adquirir equipamentos que tornem a experiência mais segura e confortável.
O Novo Fungetur permite acessar até R$ 15 milhões por linha de financiamento, tendo juros de até 5% mais INPC ao ano e até 5 anos de carência. Segundo o MTur, podem ser financiandas tanto obras de infraestrutura quanto compra de equipamentos, serviços e capital de giro.
A relação de beneficiários inclui meios de hospedagem, agências de turismo, transportadoras turísticas, organizadoras de eventos, parques temáticos, acampamentos turísticos, restaurantes, cafeterias, bares e similares, bem como todos os empresários registrados no Cadastur.
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