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Sem manejo da terra e prevenção, risco de incêndios aumenta em MT

Sem manejo da terra e prevenção, risco de incêndios aumenta em MTEstiagem prolongada acende alerta para novos incêndios. Foto: Secom-MT

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Por André Garcia

Embora peculiaridades climáticas e da vegetação de três biomas distintos exponham Mato Grosso a maiores riscos de incêndios florestais, questões culturais de manejo da terra e falta de ações preventivas também contribuem para a recorrente primeira colocação do Estado no ranking das queimadas no Brasil.

A estiagem prolongada, observada em 2022, é mais um dos fatores que acendem o alerta. Frente ao perigo e ao temor de que uma situação semelhante à tragédia de 2020 se repita, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) já se prepara para as ações de combate ao fogo e reforça o número de profissionais.

Um deles é o soldado Pedro Henrique Monteiro Guia, que atua no CBMMT há seis anos e está na linha de frente na guerra contra os incêndios florestais.

“A falta de preventivos por parte dos proprietários rurais, como na realização de aceiros, por exemplo, são, em sua maioria, as causadoras iniciais destas ocorrências”, diz o bombeiro ao Gigante 163.

A avaliação vai ao encontro de comparativo divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que aponta que, entre janeiro e julho de 2021 e 2022, os focos subiram de 5.798 para 7.101, um aumento de 22%. A porcentagem está acima da média registrada na Amazônia Legal, de 17%, e é muito superior à registrada no país, de 3%.

Diante disso, o soldado fala sobre a importância da educação ambiental. “A capacitação de comunidades rurais para atendimento em primeira resposta, além do investimento em preventivos, contribui muito para a redução destas ocorrências.”

Monteiro Guia chama a atenção ainda para as características dos três biomas presentes no Estado.

“No cerrado, a vegetação, baixa, seca e de alta inflamabilidade, ocasiona até incêndios sazonais, sem ação do homem. Já no pantanal e na Amazônia, há uma grande expansão de cultivo agropastoril, de modo que a intervenção humana é determinante”, afirma.

Sobre o lastro de prejuízos e o temor de que o cenário se agrave, como o que ocorreu há dois anos, ele lembra as cenas que marcaram aquela época, classificada como “o pior combate de sua vida”.

“A maior parte do que presenciamos ali nunca tinha sido visto nem mesmo por militares com muito tempo de serviço. Vários jacarés mortos, onças entrando em residências com as patas queimadas, tentando fugir do fogo, animais com queimaduras de 3° e 4° graus. Também salvamos casas de madeira dos pantaneiros”, conta.

Ações previstas para 2022

À reportagem do Gigante 163, o CBMT informou que todos os anos o Batalhão de Emergências Ambientais  (BEA) se prepara para os eventos de combate a incêndios florestais, dividindo suas ações em quatro fases: preparação, prevenção, resposta e responsabilização.

Durante o período em que se aumentam essas ocorrências, entre os meses de agosto e setembro, são instituídos Instrumentos de Resposta Temporários (IRT). Sendo assim, para este ano, está sendo planejada a operacionalização de 57  IRTs distribuídos por todo Mato Grosso.

Além disso, o Governo do Estado envia reforços de brigadistas estaduais, das prefeituras que fazem a contratação de brigadistas municipais, bem como da convocação de bombeiros militares de todos os comandos regionais do Estado, formando equipes específicas para atendimento das ocorrências de incêndios florestais.

O CBMMT reforça que o governo, por meio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), tem investido em plataformas como o sistema Planet, que ajuda na prevenção de crimes ambientais, e na proposição de soluções para que o produtor realize uma queima controlada legal.

A expectativa é que os atendimentos sejam realizados pelas 25 Unidades Operacionais Bombeiro Militar (UOBPM) que compõem o CBMMT.

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