A Pre-COP dos Biomas, realizada em Campo Grande (MS) nesta semana, foi marcada pela entrega da Carta do Pantanal à CEO da COP30, Ana Toni. O documento, elaborado pelo Fórum Sul-Mato-Grossense de Mudanças do Clima, reitera a contribuição do bioma à agenda global, mas foca em sua alta vulnerabilidade.
O documento alerta que as áreas úmidas são ecossistemas vitais para a regulação climática, armazenando mais carbono por unidade de área do que qualquer outro ecossistema terrestre. Ainda assim, vêm desaparecendo três vezes mais rápido do que as florestas, pressionadas pela expansão agrícola, incêndios, retirada de água e exploração predatória.
A carta alerta para o impacto multifatorial da crise climática na região.
“Os impactos das mudanças do clima, materializados em secas severas, enchentes extremas e incêndios de grande escala, somam-se a deficiências de infraestrutura relacionadas à saúde, educação, acesso e saneamento básico, que são resultados de uma construção histórica. Esses fatores comprometem não apenas a conservação ambiental, mas também a qualidade de vida das populações pantaneiras”, diz o documento.
Entre as principais recomendações da carta estão a elaboração de um Plano Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal (que não se limite às fronteiras estaduais) e a adoção de instrumentos de pagamento por serviços ambientais e estímulo à bioeconomia e ao turismo.
O documento é assinado por 150 organizações brasileiras e internacionais e de cientistas de diversas partes do mundo.
“Vemos aqui no Pantanal os efeitos da mudança do clima, mas temos também uma oportunidade única”, disse Ana Toni, referindo-se à seca histórica entre 2019 e 2024.
A CEO Ana Toni acrescentou que a conferência deve finalmente reconhecer a liderança dos governos locais.
“Espero que a nossa COP cristalize esse lugar de liderança que os governos subnacionais sempre tiveram, mas que não havia um reconhecimento da política global de clima”. Os eventos da Pre-COP dos Biomas devem resultar no anúncio de um “Banco de Soluções Subnacionais” para consolidar e divulgar políticas climáticas eficazes.
A COP Pantanal foi a terceira da série de conferências regionais, que buscam construir uma agenda climática nacional a partir das realidades locais. No dia 9 de outubro, será a vez do Cerrado.