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Crise climática ameaça aquíferos no País, aponta estudo

Crise climática ameaça aquíferos no País, aponta estudoAquíferos são fundamentais para o abastecimento humano. Foto:Wikimedia

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A crise climática pode reduzir de forma preocupante a recarga natural dos aquíferos brasileiros, e o Centro-Oeste é a região mais ameaçada. O Sistema Aquífero Bauru-Caiuá, que abrange partes de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Minas Gerais e São Paulo, pode ter uma queda de 27% no volume recarregado até o fim do século. A redução anual pode chegar a 666 milímetros nas áreas mais afetadas.

No Centro-Oeste, além do Sistema Bauru-Caiuá, outros aquíferos importantes, como o Guarani, o Serra Geral e o Parecis, também podem sofrer perdas significativas.

Os dados constam de estudo do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, de acordo com o professor Ricardo Hirata, a situação preocupa porque os aquíferos são fundamentais para o abastecimento humano, para a agricultura e para a manutenção dos rios e nascentes.

“O que constatamos foi a possibilidade de uma diminuição drástica da recarga dos aquíferos do país, especialmente nas regiões Sudeste e Sul, que vão ficar mais secas segundo praticamente todos os modelos climáticos analisados”, explica Hirata.

No Brasil, cerca de 112 milhões de pessoas, ou 56% da população, são abastecidas total ou parcialmente por águas subterrâneas.

Mesmo sendo estratégica, essa reserva ainda recebe pouca atenção nas políticas públicas. “A água subterrânea continua sendo esquecida na discussão sobre mudanças climáticas. Quando se fala do clima, fala-se de rios, de vegetação, de agricultura. Mas os aquíferos não entram na agenda”, alerta Hirata.

Impactos climáticos

O estudo analisou diferentes cenários climáticos até 2100 com base em dados do Coupled Model Intercomparison Project Phase 6 (CMIP6). Os resultados apontam para aumento das temperaturas entre 1,02 °C e 3,66 °C e chuvas distribuídas de forma cada vez mais desigual.

Em algumas regiões, como o Sudeste, o volume anual de chuvas pode se manter estável, mas com verões mais chuvosos e períodos secos mais longos. Esse tipo de precipitação, intensa e concentrada, favorece enchentes, mas não garante a infiltração da água no solo necessária para abastecer os aquíferos.

Entre as soluções, o estudo destaca a recarga manejada de aquíferos (MAR), que utiliza técnicas para favorecer a infiltração da água da chuva ou até mesmo de águas tratadas. Em cidades como São Paulo, parte da recarga já ocorre de forma involuntária, devido a vazamentos em redes de água e esgoto.

“O solo funciona como um super-reator biogeoquímico, capaz de purificar a água durante o trajeto até o aquífero”, explica Hirata, destacando que essa é uma alternativa promissora para enfrentar o problema.

O artigo pode ser lido aqui.

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