HomeEcologia

Brasil reduz desmate, mas Amazônia ainda perde 7 árvores por segundo

Brasil reduz desmate, mas Amazônia ainda perde 7 árvores por segundoAmazônia respondeu por 30,4% do total desmatado. Foto: Sema-MT

Edital oferece R$ 23 milhões para restauração ecológica na Amazônia
Controle do pasto com fogo é mau negócio para produtor
Títulos verdes possibilitam reflorestamento na Amazônia

Por André Garcia

O desmatamento caiu 32,4% no Brasil em 2024, mas o ritmo de perda de vegetação nativa segue alto: só na Amazônia, foram derrubadas cerca de sete árvores por segundo. A informação faz parte do Relatório Anual do Desmatamento (RAD), elaborado pelo MapBiomas Alerta e lançado nesta quinta-feira, 15/5.

Ao todo, foram validados 60.983 alertas de desmatamento, que somaram 1.242.079 hectares de vegetação nativa suprimida nos seis biomas do País. A média diária foi de 3.403 hectares — o equivalente a quase 142 hectares por hora. O dia com maior área desmatada foi 21 de junho, com 3.542 hectares derrubados em 24 horas.

De acordo com o levantamento, a devastação recuou em todos os biomas brasileiros em 2024, com exceção da Mata Atlântica, que se manteve estável. Mas, apesar da melhora nos números, o volume ainda é elevado e indica que a pressão sobre áreas nativas segue presente, principalmente nas paisagens agrícolas.

“A queda no desmatamento foi registrada pela primeira vez em todos os biomas desde o início da série histórica do RAD, em 2019. Esse dado mostra que a resposta à crise climática e ambiental pode ser mais eficaz quando acompanhada de monitoramento, transparência e atuação integrada”, destacam os especialistas.

Monitoramento, crédito e fiscalização ajudam a conter avanço

Embora a agropecuária siga como o principal vetor da perda de vegetação nativa no país, a intensificação do monitoramento, a ampliação da fiscalização estadual e o uso de dados por instituições financeiras têm contribuído para frear o ritmo da devastação. Foi o que explicou o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, em entrevista coletiva concedida na terça-feira, 13/5.

“Três fatores ajudaram a explicar a queda no desmatamento: a criação de planos de combate para todos os biomas, o uso de dados de alertas por bancos para avaliar crédito rural e o aumento das ações estaduais de fiscalização”, disse.

De acordo com ele, Em 2024, praticamente todos os grandes bancos que operam com crédito rural passaram a considerar os alertas de desmatamento, não apenas os embargos, na hora de decidir sobre a concessão.

Amazônia e Cerrado

 A Amazônia respondeu por 30,4% do total desmatado, com 377.708 hectares — o menor número da série iniciada em 2019. A média foi de 1.035 hectares por dia. Apesar de ainda ocupar a segunda posição no ranking, o bioma registrou uma queda de 16,8% na comparação com 2023.

No Cerrado, que lidera o rankinga do desmatamento há dois anos, a perda de vegetação chegou a 652.197 hectares — mais da metade (52,5%) de toda a área desmatada no Brasil em 2024. Ainda assim, houve queda de 41,2% em relação ao ano anterior. A região do Matopiba concentrou 79% do desmatamento do Cerrado.

Já a Caatinga aparece na terceira posição, com 14% da área total desmatada (174.511 hectares). Em seguida vêm o Pantanal (1,9%), a Mata Atlântica (1,1%) e o Pampa (0,1%). Todos os biomas, exceto a Mata Atlântica, registraram queda — com destaque para o Pantanal, que teve a maior redução proporcional (58,6%).

 

LEIA MAIS:

Desmate cresce na Amazônia e no Cerrado e cai no Pantanal

Desmatamento avança sobre sítios arqueológicos do Cerrado

União Europeia simplifica aplicação da lei antidesmatamento

Desmatamento impede geração de energia para 1,5 milhão de pessoas

Justiça determina indenização por desmatamento em MT

Documento aponta 12 medidas para erradicar desmatamento no Brasil

Ibama apreende 72 toneladas de soja em operação contra desmatamento ilegal