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Estudo mostra impacto ambiental da construção da UHE Castanheira

Estudo mostra impacto ambiental da construção da UHE CastanheiraConstrução pode extinguir espécies de peixes. Foto: Wikimedia Commons

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Estudo realizado pela professora doutora da Universidade Internacional da Flórida Simone Athayde e pela pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Renata Utsonomiya revelou que a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Castanheira pode bloquear o principal canal da foz do rio Juruena, que equivale a cerca de 600 km. A barragem deve colocar 97 espécies de peixes migratórios ameaçados de extinção. As informações são do G1.

A hidrelétrica está prevista para ser instalada próxima ao rio Arinos, na bacia hidrográfica do rio Juruena, na região de Juara, localizada a 690 km de Cuiabá (MT). De acordo com Simone, como o bloqueio vai interferir na conectividade entre os dois rios e, consequentemente, no volume de peixes, a alimentação dos povos indígenas que moram na região pode ser colocada em risco.

“Existe uma série de impactos cumulativos que podem, realmente, comprometer toda a biodiversidade, incluindo a vida dos peixes migratórios que existem nessa região. A pesca é muito importante, tanto do ponto de vista da sobrevivência física e cultural de comunidades indígenas locais, quanto na própria economia regional”, explicou.

A construção do empreendimento, aponta o estudo, pode causar impactos irreversíveis ao meio ambiente, tanto socioculturais, quanto socioeconômicos.

“O que não consta nos documentos de licenciamento é que os peixes migratórios e os ecossistemas de água doce são únicos do Rio Arinos, portanto, a construção da usina gera um impacto ambiental de grande magnitude”, disse a pesquisadora.

O estudo ainda aponta a inviabilidade econômica do empreendimento, devido as perdas materiais e culturais sofridas por cinco povos indígenas.

“A UHE Castanheira poderia gerar um prejuízo de aproximadamente R$ 408 milhões aos investidores. Acrescentando-se os custos dos impactos negativos, emissões de gases de efeito estufa, perda econômica gerada pela inundação de áreas produtivas e diminuição da renda de pescadores, foi calculada uma perda potencial de aproximadamente R$ 589 milhões”, revela um trecho do documento.

O projeto

A UHE Castanheira é um empreendimento do Programa de Parcerias e Incentivos (PPI), do governo federal, e está em fase de licenciamento ambiental. Em nota, o governo disse que o Estudo de Impacto Ambiental foi realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), e tramita na Sema-MT para manifestação quanto à viabilidade ambiental do empreendimento.

“Após manifestação sobre a viabilidade, o projeto poderá ser leiloado, ocasião em que será definido o responsável pela construção do empreendimento”, explicou a nota.

De acordo como a reportagem, a hidrelétrica prevê o alagamento de uma área de 94,7 km², equivalente a quase 9,5 mil campos de futebol. Prevista para gerar 140 megawatts, a usina entregaria 98 megawatts de energia firme, capaz de abastecer apenas 20% da população de Mato Grosso. O custo do empreendimento é estimado em mais de R$ 15 milhões.