Por André Garcia
O avanço do fogo em 2024 expôs um cenário crítico para três biomas brasileiros. Enquanto Amazônia e Mata Atlântica atingiram a maior área queimada dos últimos 40 anos, o Pantanal foi a região mais afetada proporcionalmente, de acordo com dados do Relatório Anual do Fogo (RAF), lançado nesta terça-feira, 24/6, pelo MapBiomas.
No Pantanal, 62% do território foi atingido pelo fogo ao menos uma vez entre 1985 e 2024. Só no ano passado, a área queimada aumentou 157% em relação à média histórica. Segundo Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas, a seca prolongada agravou a situação.
“Os dados históricos mostram a dinâmica do fogo no Pantanal, que se relaciona com a presença da vegetação natural e com os períodos de seca. Em 2024, o bioma queimou na região do entorno do Rio Paraguai, região que passa por maiores períodos de seca desde a última grande cheia em 2018”, explica.
No Pantanal, Corumbá foi o município com maior área queimada acumulada entre 1985 e 2024, com mais de 3,8 milhões de hectares.
Recorrência
Além de queimar muito, o Pantanal queima repetidas vezes. Segundo o MapBiomas, três em cada quatro hectares que pegaram fogo no bioma nas últimas quatro décadas foram atingidos pelo menos duas vezes.

Crédito: MapBiomas
As marcas deixadas por esses incêndios, conhecidas como cicatrizes de fogo, mostram que não são queimadas pequenas ou isoladas. Quase 20% da área afetada corresponde a grandes incêndios, com mais de 100 mil hectares de extensão. Também são comuns os focos de tamanho médio, entre 500 e 10 mil hectares, espalhados pelo bioma.
Amazônia: maior área queimada da história
A Amazônia liderou o ranking nacional em 2024 com 15,6 milhões de hectares queimados, o maior valor de toda a série histórica. A área correspondeu a 52% de todas as queimadas registradas no Brasil no ano passado.
Felipe Martenexen, coordenador de mapeamento da Amazônia no MapBiomas, explica que o fogo não é um elemento natural da dinâmica ecológica das florestas amazônicas. Ou seja, os números são resultado da ação humana, especialmente em um cenário agravado por dois anos consecutivos de seca severa.
“A combinação entre vegetação altamente inflamável, baixa umidade e o uso do fogo criou as condições perfeitas para a propagação do mesmo em larga escala, levando a um recorde histórico de área queimada na região”, afirma.
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