HomeEcologia

Pesquisa em Mato Grosso investiga efeitos do incêndio no Cerrado

Pesquisa em Mato Grosso investiga efeitos do incêndio no CerradoTrabalho é fruto de uma parceria entre universidades. Foto: ICMBio

COP 27: Desmate pode reduzir 1/3 da vazão das águas dos rios do Cerrado
Dia do Cerrado: sojicultores adotam medida contra desmate ilegal no bioma
1% de imóveis coloca Mato Grosso como 5º maior em desmatamento do Cerrado

Nesta semana, pesquisadores da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e da Universidade de Oxford iniciam mais uma etapa de uma pesquisa voltada para descobrir os efeitos e impactos dos incêndios florestais no Cerrado. O projeto CERFogo é realizado na Estação Ecológica da Serra das Araras (MT) e está no sexto ano de experiência.

De acordo com o chefe da UC, Marcelo Andrade, os pesquisadores dividiram seis hectares em parcelas de um hectare cada.

“Três parcelas são mantidas como controle, enquanto as demais foram divididas para queimar a cada ano, outra a cada dois anos e a terceira a cada três anos”, informa Andrade.

A queima ocorre durante o período de estiagem pois a intenção é verificar como o fogo age no Cerrado na época mais crítica. Com isso, os pesquisadores vão observar quais espécies arbóreas e herbáceas são mais e menos afetadas pelo fogo.

“Desde o início do projeto estamos monitorando diferentes componentes ecossistêmicos como crescimento e fluxo de carbono, e já observamos mudanças na composição e estrutura das diferentes parcelas”, conta a pesquisadora sênior da Universidade de Oxford, Immaculada Oliveras Menor.

Prioridades

“Quando sabemos os efeitos do fogo extremo, podemos desenhar as prioridades e direcionar nossas energias para proteger o que é mais estratégico. Mensuramos também como a vegetação é impactada pela passagem do fogo, quais espécies possuem predominância, os impactos para a biodiversidade”, comenta.

O procedimento foi acompanhado por um drone multiespectral que mostra a altura das plantas, a densidade da vegetação na área e o avanço do fogo. As alternâncias de áreas de queima possuem o propósito comparativo e de análise para as respostas que virão em alguns anos de pesquisa. Antes da queima, a etapa é minuciosamente preparada para o experimento.

“Conseguimos verificar que uma espécie, o carvoeiro, predomina quando não há fogo, o que não é bom para a biodiversidade”, conta Andrade.

Segundo o chefe da unidade, isto corrobora com a tese de que o fogo possui extrema relação com a manutenção do bioma.

A pesquisa também é uma oportunidade para jovens cientistas iniciarem seus trabalhos com ecologia do fogo, já que envolve estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado e os coloca em contato com diferentes metodologias, equipamentos de ponta ao mesmo tempo em que promove um diálogo com a sociedade.

“O projeto reúne ações de pesquisa, ensino e extensão à medida em que realiza uma leitura detalhada dos efeitos do fogo no Cerrado, assim como promove ação continuada de apropriação do conhecimento sobre ecologia, influência do fogo nas formações do Cerrado em diálogo frutífero com a sociedade especialmente com as comunidades do entorno da Estação Ecológica da Serra das Araras”, diz a professora da Unemat, Maria Antônia Carniello.

Fonte: ICMBio