À frente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), a executiva Tania Zanella defende que o agro ocupe espaço nos debates da COP30, prevista para novembro, em Belém (PA). A articulação política em torno da conferência e a reforma do seguro rural são os principais focos do instituto em 2025.
“O setor precisa se adiantar aos formadores de opinião, ocupar espaços de debate para não deixar apenas um lado falando”, afirmou ela em entrevista ao AgFeed.
Sua escolha para presidir o IPA representa um marco: ela é a primeira mulher a liderar a entidade, criada em 2011 para subsidiar tecnicamente a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Com longa trajetória no cooperativismo, ela agora tem a missão de articular 59 entidades do setor em torno de pautas comuns.
Na avaliação da executiva, o maior desafio até a COP30 será alinhar o discurso do agro em torno de consensos.
“É um desafio alinhar todas as pautas das 59 entidades que reúnem produtores e indústrias. Isso demanda conversa e, principalmente, escutar muito”, afirmou.
Seguro rural é prioridade absoluta
Além do protagonismo na COP30, o IPA centraliza esforços para aprovar o projeto de lei que cria um novo marco para o seguro rural no país. A proposta, de autoria da senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (União-MS), tramita no Senado e busca ampliar os investimentos privados no setor ao flexibilizar regras de captação de recursos.
Segundo Tania, o projeto “muda toda a parte estruturante do seguro agrícola no Brasil” e pode viabilizar até R$ 4 bilhões por ano para a subvenção do prêmio do seguro rural. Atualmente, o orçamento público destinado a esse fim é de cerca de R$ 1,2 bilhão.
A pauta também é tratada como urgente pelo presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR). “Seguro rural é prioridade absoluta. Precisa de um modelo novo no Brasil, não dá para ficar dependendo de um governo”, afirmou.
Pautas estratégicas: marco temporal e reforma tributária
Outros temas mobilizam o setor em 2025. Entre eles, a definição do marco temporal para demarcação de terras indígenas, que está em processo de conciliação no Supremo Tribunal Federal. Lupion, no entanto, é cético sobre um consenso e já fala na possibilidade de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) como saída legislativa.
Já a regulamentação da reforma tributária é vista com atenção pelo IPA. Embora o setor agrícola tenha se saído bem na aprovação do texto-base, a preocupação agora é garantir instrumentos que assegurem a renda do produtor na nova estrutura fiscal.
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