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Marfrig suspende produção para os EUA em MT

Marfrig suspende produção para os EUA em MTDe abril a julho as exportações de carne caíram 80%. Foto: Marfrig

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A Marfrig, uma das maiores exportadoras de carne bovina do mundo, suspendeu a produção voltada ao mercado dos Estados Unidos em seu complexo industrial de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá. A decisão ocorre em meio à escalada de tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que ameaça inviabilizar as exportações de carne bovina ao país.

A paralisação temporária foi comunicada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no dia 17 de julho e, segundo a empresa, decorre de “motivos comerciais”.

De acordo com a Folha de S.Paulo, que teve acesso ao comunicado, a empresa não detalhou o volume que deixará de ser exportado, nem estipulou uma data para retomar a produção. O retorno, quando ocorrer, deverá ser informado à fiscalização federal com pelo menos 72 horas de antecedência.

Considerada uma das unidades mais estratégicas da companhia no Brasil, a planta mato-grossense tem capacidade para processar até 2 mil cabeças de gado por dia e cerca de 70 mil toneladas de alimentos por ano. O local, reativado em 2019 após aquisição da BRF, está habilitado para exportar a 22 países, incluindo Estados Unidos, China e União Europeia.

Escalada tarifária

A decisão da Marfrig ocorre em meio à escalada tarifária imposta pelo governo norte-americano. A partir de 1º de agosto, entrará em vigor a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, o que deve inviabilizar financeiramente grande parte das exportações agropecuárias. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a medida pode provocar uma queda de quase 48% nas vendas para os EUA, com impacto estimado em US$ 5,8 bilhões.

Impacto sobre a produção

Os efeitos já são visíveis. De abril a julho, as exportações brasileiras de carne bovina aos EUA caíram de 47,8 mil para 9,7 mil toneladas, uma retração de 80%. Apesar disso, o preço médio da tonelada subiu de US$ 5.200 para US$ 5.850 no período, impulsionado pelo redirecionamento logístico e pela incerteza do setor diante da tarifa.

Mato Grosso, que detém o maior rebanho bovino do país, com mais de 34 milhões de cabeças, sente os reflexos imediatos da decisão. De janeiro a junho, o estado exportou 371,7 mil toneladas de carnes bovina, suína e de aves – um crescimento de 5,46% em relação a 2024. No entanto, o setor opera com margens apertadas e teme que o aumento das tarifas inviabilize as operações voltadas ao mercado americano.

“Se nada mudar, o tarifaço começa em 1º de agosto. A carne é essencial na alimentação humana, mas seu processo produtivo a torna um item de alto custo. E hoje, do produtor à indústria, todos trabalham com margens muito curtas”, afirmou Paulo Bellincanta, presidente do Sindifrigo-MT.

Com o mercado americano comprometido, a expectativa é que parte da produção seja redirecionada a outros destinos. Mas a Marfrig ainda não informou quais serão os próximos passos.

 

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