Por André Garcia
Mesmo diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos, as exportações brasileiras de carne bovina devem crescer 12% em volume e 16% em receita este ano. A projeção foi feita pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, na quarta-feira,17/9, durante o 5º Fórum Pecuária Brasil.
“O mercado norte-americano, de fato, é rentável, demandante e impacta no resultado das empresas exportadoras. Todavia, o setor vem buscando a realocação do que era destinado aos EUA para outros destinos. Temos capacidade e capilaridade para isso”, disse Perosa na abertura do evento, realizado pela DATAGRO, em São Paulo.
De acordo com ele, a Abiec está firme nas negociações para abertura dos mercados do Japão, Turquia e Coreia do Sul.
O líder de pesquisa da DATAGRO Pecuária, João Otávio Figueiredo, lembrou que os Estados Unidos e a União Europeia atravessam um ciclo de menor rebanho global, o que coloca Brasil e Mercosul em posição privilegiada no fornecimento de carne bovina.
Ainda assim, em sua avaliação, o tarifaço norte-americano e a volatilidade cambial foram apontados como riscos importantes.
Indicador do Boi
Durante o evento, analistas da DATAGRO apresentaram diagnósticos e projeções para o setor. Para Guilherme Jank, após forte alta no início do ano e posterior estabilização, o mercado do boi gordo hoje se equilibra entre exportações aquecidas e confinamentos cheios, em meio a uma economia doméstica mais fraca e câmbio pressionado.
As projeções indicam que o abate de bovinos deve alcançar 40,8 milhões de cabeças em 2025, alta de 2,9% em relação a 2024, mas pode recuar para 37,1 milhões em 2026, uma queda de 9,3%, reflexo do elevado abate de fêmeas e da consequente descapitalização do rebanho.
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