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Japão investe US$ 1 bi para recuperar pastagens do Cerrado

Japão investe US$ 1 bi para recuperar pastagens do CerradoProjeto deve alavancar estratégia no país. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

O Japão vai investir 1 bilhão de dólares na recuperação e conversão de pastagens degradadas no Cerrado. O aporte foi garantido nesta terça-feira (18), por meio de acordo entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Embrapa e a Agência de Cooperação Internacional do Japão, assinado durante a COP30, em Belém (PA).

Além do aporte financeiro, o acordo prevê a cooperação técnica entre os dois países, o que deverá resultar na implementação de tecnologias para monitorar e recuperar pastagens nas fazendas do Cerrado. Com duração prevista entre cinco a dez anos, o trabalho terá início em abril de 2026.

“A iniciativa é importante porque chama a atenção do público para esse problema, que é uma ameaça à produção agrícola do Brasil e também à Amazônia pelo desmatamento”, disse o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi.

Ação imediata

A cooperação com a JICA deve impulsionar a recuperação de 160 mil hectares no Brasil. Com repasse de U$ 500 milhões previsto já para o ano que vem, o projeto é baseado em quatro eixos: resiliência climática, apoio a pequenos e médios produtores rurais, crescimento da segurança alimentar e expansão do acesso à energia sustentável.

Katsura Miyazaki, Carlos Fávaro e Silvia Massruhá assinaram o acordo; ao fundo, o embaixador do Japão

A iniciativa soma-se ainda às metas do Caminho Verde Brasil, que pretende recuperar 40 milhões de hectares em dez anos. O programa já conta com R$ 50 bilhões em investimentos, incluindo R$ 30 bilhões anunciados na COP30 e outros R$ 20 bilhões ofertados nos três últimos Planos Safra.

Urgência no Cerrado

O avanço das áreas produtivas sobre vegetação nativa tornou a estratégia uma urgência econômica e ambiental. Segundo o relatório GEO Brasil 2025, divulgado na COP30, a região enfrenta aumento de até 4 °C, além de pressão crescente sobre a água, que no Brasil deve ter demanda oito vezes maior até 2040.

Assim, ao recuperar o que está degradado, o Brasil pode aumentar a produtividade em áreas já abertas. Enquanto isso, o produtor melhora o uso da terra, protege os recursos hídricos e cria sistemas mais resilientes ao clima, estratégia considerada decisiva para manter a competitividade agrícola sem ampliar os impactos ambientais.

“Não precisamos avançar sobre o Cerrado e as florestas para garantir a continuidade do crescimento da produção brasileira”, declarou o titular do Mapa, Carlos Fávaro. “Temos grandes ativos para produzir alimentos, como pessoas, tecnologias e terras, mas nada seria possível se estivéssemos num deserto”, acrescentou.

Impulsionando a recuperação

A Embrapa será responsável por transformar o investimento em resultados práticos no campo, conduzindo, a partir de dados de satélites japoneses, o diagnóstico das pastagens degradadas, o desenvolvimento das tecnologias de recuperação e o monitoramento da intensificação agrícola no Cerrado.

De acordo com a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, as ações incluem monitoramento por sensoriamento remoto, zoneamento de risco climático específico para pastagens, avaliação dos impactos da intensificação e ferramentas para orientar produtores e gestores no uso mais eficiente da terra.

“Estamos estruturando um esforço de longo prazo que une tecnologia, saúde do solo e integração de sistemas para mostrar ao mundo que o Brasil tem soluções reais para crescer preservando. Essa cooperação é um marco que impulsiona uma agricultura de baixo carbono e preparada para os desafios climáticos dos próximos anos,” afirmou.

 

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