O planeta está pagando um preço cada vez mais alto pela crise climática, e o mercado global de seguros está sob pressão máxima. É o que revela um estudo da Mapfre Economics, que será apresentado nesta terça-feira (18), na ‘Casa do Seguro’, durante a COP30, em Belém.
O levantamento, intitulado “Mudanças Climáticas, Riscos Extraordinários e Políticas Públicas”, mostra que, em 2024 — o ano mais quente já registrado, com anomalia de 1,6° C acima dos níveis pré-industriais —, o mundo registrou US$ 368 bilhões em perdas por desastres naturais e apenas 48% desses prejuízos foram cobertos por seguros.
O restante, que soma US$ 191 bilhões, ficou descoberto, deixando empresas e cidadãos com a “conta” dos desastres.
“Os desastres estão se tornando mais intensos e frequentes e, em alguns casos, de dimensão sistêmica,” alerta Fátima Lima, diretora de sustentabilidade da Mapfre.
Ela reforça que “nenhum governo ou empresa pode lidar com isso sozinho”, transformando o problema em um desafio urgente de política pública.
“Não é só ambiental, é econômico”
Eventos extremos como o El Niño recorde, que causou secas severas na Amazônia e inundações históricas em outras partes do continente, elevam o custo das indenizações e tornam o futuro dos seguros imprevisível. O estudo frisa que o impacto climático “já não é só ambiental, é econômico”.
A situação é crítica, especialmente nos países em desenvolvimento. A lacuna de proteção atinge proporções dramáticas: apenas 17% das perdas na Ásia e 19% na América Latina possuem cobertura. No Brasil, o relatório destaca que o crescimento urbano desordenado e a falta de prevenção ampliam o impacto das catástrofes.
Para enfrentar essa crise de proteção, a Mapfre recomenda a união de forças, sugerindo parcerias público-privadas e o uso de instrumentos inovadores, como seguros paramétricos (que pagam automaticamente com base em índices climáticos), para garantir que o seguro seja um amortecedor eficaz e integrado à estratégia de adaptação global.
O estudo também cita o potencial de instrumentos como títulos catastróficos e bônus verdes para financiar ações de adaptação climática e fortalecer a resiliência econômica.
“O seguro é uma das principais ferramentas de proteção econômica diante das mudanças climáticas, mas ele precisa fazer parte de uma estratégia integrada”, alerta Fátima.

