Por André Garcia
Com um volume recorde de R$ 89 bilhões em investimentos, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, anunciado pelo Governo Federal nesta segunda-feira, 30/6, aposta em novas linhas de crédito voltadas à agroecologia, energia solar, conectividade rural, incentivo a bioinsumos, combate às mudanças climáticas e quintais produtivos.
Do total anunciado, R$ 78,2 bilhões são destinados ao Pronaf, que completa 30 anos em 2025. O valor representa um aumento de 47,5% em relação à última gestão.
Embora as taxas de juros tenham sido mantidas em linhas de custeio e investimento, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/26 tem juros entre 0,5% e 8% ao ano, com teto maior que o da temporada anterior. No geral, o aumento foi de 2 pontos percentuais ante a escalada da Selic.
Uma das linhas mantidas, de apenas 3% ao ano, é a que financia a produção de alimentos, como arroz, feijão, mandioca, frutas, verduras, ovos e leite – caindo para 2% quando o cultivo for orgânico ou agroecológico.
Nesta terça-feira, 1/6, será lançado o Plano Safra 2025/2026 empresarial.
Nova Linha
A nova linha de crédito Pronaf B Agroecologia oferece financiamento de até R$ 20 mil, com juros reduzidos de 0,5% ao ano e bônus de adimplência de até 40%, voltado a sistemas agroecológicos, em transição ou orgânicos. A modalidade conta com juros de s 3%, o que garante condições diferenciadas para quem aposta em sistemas sustentáveis.
Para o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), as linhas de crédito nas áreas de agroecologia e cooperativismo são estratégicas.
“Ao investir na agricultura familiar, estamos fortalecendo a economia local, garantindo comida de qualidade e a preços acessíveis para a população e ganho justo para o produtor. O Brasil que alimenta o mundo começa nas mãos dos pequenos agricultores”, pontuou o ministro Paulo Teixeira em coletiva nesta manhã.
Incentivo aos bioinsumos
O plano também marca a assinatura do decreto que institui o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que vai integrar ações de pesquisa, assistência técnica, monitoramento ambiental e uso de bioinsumos. A proposta está inserida na Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica e articula seis ministérios.
O programa responde a um cenário preocupante: segundo relatório da FAO e da OMS, o Brasil foi, em 2021, o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, responsável por cerca de 22% do volume utilizado globalmente. Para a secretária-executiva do MDA, Fernanda Machiaveli, o Plano privilegia quem produz comida de verdade.
“Lançamos dois programas inéditos, o Pronara, voltado à redução do uso de agrotóxicos, e o SocioBio+, que valoriza os produtos da sociobiodiversidade. Criamos, ainda, linhas de crédito para apoiar a adaptação às mudanças climáticas, a agroecologia e fortalecer os quintais produtivos das mulheres rurais”, afirmou.
Conservação
O Plano também reforça o apoio a práticas de conservação ambiental com a manutenção do Pronaf Floresta, que financia projetos voltados ao uso sustentável dos recursos naturais e à recuperação de áreas degradadas. A linha segue com taxa de juros reduzida de 3% ao ano, incentivando atividades que conciliam preservação e geração de renda.
Outra linha com condições facilitadas é o Pronaf Bioeconomia, voltada a atividades produtivas baseadas na sociobiodiversidade e no uso sustentável da floresta. Com limite de financiamento de até R$ 250 mil e juros de 3% ao ano, a linha apoia cadeias produtivas que valorizam os biomas brasileiros e contribuem com a conservação.
Mudanças climáticas e conectividade
Entre as inovações anunciadas, o plano cria o Pronaf Adaptação às Mudanças Climáticas, com crédito de até R$ 100 mil e juros de 2,5% ao ano para sistemas de irrigação movidos a energia solar.
Outra novidade é o crédito para conectividade no campo, com limites de até R$ 250 mil para infraestrutura de internet e aquisição de equipamentos, e juros de até 3% ao ano. No eixo da inclusão, o Pronaf Acessibilidade Rural financia até R$ 100 mil para reformas e adaptações de moradia e equipamentos voltados a pessoas com deficiência.
O plano também ampliou o limite para aquisição de máquinas e equipamentos no âmbito do programa Mais Alimentos, que agora permite compras de até R$ 100 mil com juros de 2,5% para famílias com renda anual de até R$ 150 mil. Para equipamentos maiores, o teto é de R$ 250 mil, com juros de 5% ao ano.
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