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Recuo da Europa dá fôlego para rastreabilidade avançar no Brasil

Recuo da Europa dá fôlego para rastreabilidade avançar no Brasiltema foi debatido no Agro em Código 2025. Foto: CNA

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Por André Garcia

O adiamento da exigência da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR) para dezembro de 2026 deu um fôlego ao agronegócio brasileiro, mas não diminuiu a pressão por sistemas de rastreabilidade.  Para driblar o problema, o setor está reforçando a lista de ferramentas para comprovar a conformidade no mercado internacional.

O tema esteve no centro do debate no Agro em Código 2025, promovido pela Embrapa, GS1 Brasil e Cubo Itaú no começo do mês. O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital Anderson Alves, explicou que ainda existe um gargalo tanto no atendimento à UDR quanto de outras legislações brasileiras, como a Lei do Autocrontrole.

“Aí nesse ponto que a Embrapa entra: desenvolvendo soluções de protocolos integrados de rastreabilidade, soluções digitais e APIs de rastreabilidade. Tanto para atendimento de ações governamentais, quanto à plataforma AB+S e ao mercado que pode consumir essas APIs baseadas nesses protocolos”, ressaltou.

Como vai funcionar

É o caso do Embrapa Trace, protocolo de rastreabilidade, ainda em validação. Por meio de aporte financeiro do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Banco Mundial, o sistema começou a ser validado para as cadeias da carne bovina, couro, soja e café. Uma segunda etapa, financiada pela KFW, vai contemplar as demais cadeias.

Para Aécio Flores, CEO da FSTecnologias Agropecuárias e consultor no desenvolvimento do protocolo, o excesso de certificações, auditorias repetidas e bases de dados desconectadas encarece o processo e dificulta o acesso a mercados. Por isso a ideia do Embrapa Trace é justamente simplificar esse caminho.

“Mais do que um sistema, o protocolo de reconhecimento é uma plataforma estratégica. Ela transforma a complexidade da conformidade em uma vantagem competitiva, fornecendo um parecer único, digital e auditável que assegura o futuro do agronegócio brasileiro no mercado global”, resumiu Aécio.

Agro Brasil + Sustentável

Em paralelo, o Governo Federal apresentou a plataforma Agro Brasil + Sustentável.  A ferramenta é gratuita para produtores, de adesão voluntária, e integra diferentes sistemas governamentais tanto de identificação pessoal, como GOV.BR, quanto de cadastro da propriedade rural, conformidade trabalhista e ambiental.

Fôlego para o Brasil

Integrantes do Governo avaliam que o momento ainda é de confusão, mas destacaram que isso traz a oportunidade para encontrar as inovações e alternativas necessárias para adequação.  Esse também foi o tom adotado por representantes das cadeias produtivas incluídas na EUDR.

“Esse um ano de postergação vai dar mais um fôlego no sentido de as empresas terminarem de se estruturar seus sistemas internos. Mas ao mesmo tempo entendemos que não pode parar a agenda, pois um ano passa muito rápido”, alertou o gerente de sustentabilidade da Abiove Pedro Garcia.

Estratégia de negócio

Empresas que já utilizam sistemas digitais, como a Usina Granelli, as Granjas 4 Irmãos, Suzano e Marvin Blue. mostraram na prática como a rastreabilidade pode ir além do simples atendimento a uma demanda de mercados específicos e se transformar em estratégia de negócios.

“Com a rastreabilidade saímos da dependência total do mercado de commodities e criamos marca, criamos valor. Tivemos abertura de novas possibilidades de negócios e mercado. Hoje é outra empresa, outra cultura, com muitas vantagens competitivas”, afirmou Mariana Granelli, diretora comercial da Usina Granelli.

 

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