No médio-norte de Mato Grosso, 16 pequenos produtores rurais já colhem os resultados do Selo de Identificação de Origem da Agricultura Familiar, iniciativa do CAT Sorriso que vem transformando a produção e abrindo portas para novos mercados. O selo garante rastreabilidade, boas práticas agrícolas e mais visibilidade para os produtos da região.
Cada embalagem dos produtos traz um QR Code que permite ao consumidor conhecer detalhes da propriedade, métodos de cultivo e cuidados, aumentando a confiança e a transparência.
“Aumentou a renda da minha propriedade em 30%. Consegui novos mercados, expandindo as vendas para outros municípios, porque eles viram que têm garantia de procedência. Gerou reconhecimento!”, afirma Joyce Ferreira, que produz mandioca, em três hectares, no sítio onde mora, em Boa Esperança do Norte (MT).
A rastreabilidade também se tornou um diferencial para o melão cultivado e vendido pela produtora rural Elizane da Silva, de Sorriso (MT). Nas gôndolas dos supermercados da cidade, a fruta divide espaço com o melão colhido no nordeste do País.
“O selo diferencia e agrega valor à produção local”, assegura Elizane.
Para obter o selo, é preciso atender três requisitos principais: gestão da propriedade (documentos como CAF e CAR, e registros no Caderno do Produtor); responsabilidade ambiental por meio de separação de resíduos, compostagem doméstica e de restos agrícolas; e boas práticas com o uso controlado de agroquímicos, respeito ao período de carência e adesão a inspeção para produtos de origem animal.
“O selo assegura ao consumidor que o produto tem origem conhecida, qualidade garantida e foi produzido com responsabilidade”, afirma Andreia Sousa, assistente de projetos do CAT Sorriso.
Os produtores certificados estão investindo em tecnologias para aumentar produtividade e sustentabilidade. Está sendo utilizada, por exemplo, a irrigação por microaspersão, energia solar e adubação foliar orgânica em cultivos de mamão, em Vera; e pesquisa genética e compostagem aplicada à mandioca, em Boa Esperança do Norte.
Um produtor de Sorriso relata que utiliza a fertirrigação automatizada e mulching (técnica de cobrir a superfície do solo com uma camada de materiais orgânicos) em pimentão e melão, com uso de abelhas para polinização, elevando a produtividade em até 30%. Também em Sorriso, está sendo produzida alface hidropônica com colheita em 35 dias.
Para a coordenadora do CAT Sorriso, Cristina Delicato, “as agricultoras da região demonstram que a agricultura familiar pode ser moderna, sustentável e eficiente”.
O selo integra o projeto Cultivando Vida Sustentável, com apoio do IDH e da Cargill, e pretende chegar aos 16 municípios do médio-norte de Mato Grosso. Além de fortalecer o setor produtivo, a ação promove segurança alimentar, valoriza o trabalho familiar e amplia o acesso a novos mercados.