Enquanto o contribuinte comum sente o peso dos impostos, um contraste salta aos olhos: megaempresas, especialmente do agronegócio, acumulam bilhões em isenções fiscais. É uma conta que não fecha para quem paga a maior parte da fatura. O caso da JBS, gigante global da carne, é um dos mais evidentes desse privilégio.
Entre janeiro de 2024 e maio deste ano, a JBS deixou de pagar ao menos R$ 8,5 bilhões em tributos federais. Esse valor bilionário se refere aos benefícios concedidos a quatro dos seus principais CNPJs (JBS S/A, Seara Alimentos Ltda, Seara Comércio de Alimentos Ltda e JBS Aves Ltda), conforme dados disponíveis no painel de benefícios fiscais da Receita Federal.
O que esses números revelam é impressionante: no mesmo período em que a JBS lucrou cerca de R$ 12,5 bilhões (sendo R$ 9,6 bilhões em 2024 e R$ 2,9 bilhões no primeiro semestre de 2025), a empresa recebeu em isenções fiscais o equivalente a quase 70% de seu lucro (exatamente 68%).
A maior parte das isenções da JBS (76,3%) entre janeiro de 2024 e abril de 2025 veio da contribuição para o Cofins, seguida por PIS/Pasep (16,5%) e Contribuição Previdenciária (5,8%), além de outros tributos menores.
Com presença em mais de 20 países e produtos em 180, a JBS é uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Em 2024, faturou R$ 416 bilhões, mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) de 20 estados brasileiros.
O agronegócio, em seus diversos segmentos, recebe cerca de R$ 158 bilhões por ano em isenções fiscais. Os dados da Receita Federal mostram que o setor de carnes foi o segundo mais beneficiado com isenções tributárias desde 2024, totalizando R$ 36,53 bilhões, ficando atrás apenas do setor de adubos e fertilizantes (R$ 36,86 bilhões). Agrotóxicos, listados como “defensivos agrícolas”, vêm em seguida com R$ 27,94 bilhões em isenções.