Produtores mato-grossenses já receberam mais de R$ 11 milhões com a venda de créditos de soja sustentável na última década. O valor é resultado da comercialização feita por agricultores certificados junto à Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS, na sigla em inglês), por meio de uma parceria com o Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso), organização sem fins lucrativos que atua na promoção da sustentabilidade no campo. As informações são do Globo Rural.
A negociação dos créditos é feita pela plataforma da RTRS e os valores pagos por empresas brasileiras e estrangeiras giram atualmente entre US$ 1,60 e US$ 2 por tonelada de soja certificada, ou seja, produzida com a adoção de práticas sustentáveis. Cada tonelada equivale a um crédito de sustentabilidade que pode ser comprado por companhias como forma de compensação ambiental.
“Em 2024, tivemos 487 mil toneladas produzidas que receberam os créditos de bonificação. Para este ano, a safra está acabando de ser quantificada, mas acredito que teremos cerca de 550 mil toneladas”, explicou Cristina Delicato, coordenadora do CAT Sorriso, em entrevista ao site Globo Rural.
A associação atua em 11 municípios do Mato Grosso e tem desempenhado um papel essencial no apoio aos produtores que desejam obter e manter a certificação exigida pela RTRS.
O grupo de produtores certificados que integra o CAT Sorriso representa 7,42% do total de créditos negociados mundialmente pela RTRS. Entre os compradores em 2024 estão empresas da Holanda, Noruega e Argentina.
Cumprimento da legislação
Para ter direito ao crédito, o produtor precisa seguir um conjunto de 108 indicadores que atestam o cumprimento da legislação, boas práticas agrícolas e empresariais, condições adequadas de trabalho, relações com a comunidade e responsabilidade ambiental. A exigência dos critérios é progressiva e atinge o total apenas a partir do terceiro ano de certificação.
O consultor externo da RTRS no Brasil, Cid Sanches, explica que, apesar do crescimento anual de cerca de 10% no mercado, ainda não há uma forte valorização dos créditos. “A gente está em uma média de avanço de 10% ao ano, entendemos que é um crescimento bom, mas não é um ‘boom’”, declarou ao Globo Rural.
Ele também destacou a importância do trabalho do CAT Sorriso para a expansão da certificação no estado. “No momento em que a auditoria chega à fazenda, todas as informações estão lá organizadas, com imagem de satélite, documentação, licenças, registro de funcionários. Sem esse trabalho é difícil o crescimento da certificação numa região tão importante”, afirmou Sanches.