Por André Garcia
Recuperar pastagens e áreas degradadas é uma das prioridades brasileiras para aumentar a produtividade e reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE). Em pauta na COP30, em Belém (PA), o tema abre novos caminhos ao agro a partir de financiamentos e acesso a mercados cada vez mais exigentes, inclusive o de carbono.
O país quer recuperar 40 milhões de hectares em dez anos, com manejo adequado e tecnologias de baixa emissão. Nesta quinta-feira (13), no espaço AgriTalks da AgriZone, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou estratégias que já começam a avançar rumo a esta meta.
Caminho Verde Brasil
O programa estabelece desmatamento zero nas propriedades participantes, exige balanço anual de carbono e incentiva a adoção de bioinsumos, integração lavoura-pecuária e florestas plantadas, por exemplo. Em contrapartida, os produtores assumem compromissos ambientais e passam a monitorar o balanço de carbono da propriedade.
“É o recurso e a tecnologia permitindo ao produtor produzir mais em menos área, com eficiência e competitividade, mantendo o compromisso ambiental”, afirmou o diretor do Departamento de Produção Sustentável do Mapa, Bruno Brasil.
A primeira fase está sendo financiada pelo Eco Invest, mecanismo do Ministério da Fazenda que já destinou R$ 30,2 bilhões ao programa. Este volume deve garantir a recuperação de até 3 milhões de hectares, com prioridade para o Cerrado, mas com alcance nacional.
Solo Vivo
Outro destaque foi o Solo Vivo, que tem como objetivo recuperar os solos, aumentar a produtividade e gerar emprego e renda no campo. Com investimento de R$ 42,8 milhões, a iniciativa atende cerca de 800 a 1.000 famílias agricultoras, distribuídas em assentamentos de 10 municípios de Mato Grosso.
Ao apresentar a iniciativa, o secretário de Desenvolvimento Rural do Mapa, Marcelo Fiadeiro, falou sobre a importância das parcerias com instituições alemãs, como o KfW, e com organismos como o IICA, que contribuem para ampliar investimentos, assistência técnica e soluções para adaptação climática.
“Produzimos para alimentar um bilhão de pessoas e mostramos que isso é possível com sustentabilidade. A troca de conhecimento tem sido fundamental”, pontuou.
Raiz
As propostas ganham fôlego com o lançamento do Resilient Agriculture Investment for Net Zero Land Degradation (RAIZ), durante a Conferência. Essa iniciativa internacional vai mobilizar recursos e difundir tecnologias capazes de acelerar a recuperação de áreas agrícolas degradadas em todo o mundo.
A RAIZ responde à crescente demanda global por segurança alimentar e pela preservação dos ecossistemas produtivos. Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 2 bilhões de hectares de terras estão degradados no planeta, afetando diretamente 3,2 bilhões de pessoas.
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