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Tecnologia poupa-terra em cultivo de soja preserva 71 milhões de hectares

Tecnologia poupa-terra em cultivo de soja preserva 71 milhões de hectares

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Uma das demandas do produtor rural é o aumento da produção com redução da área plantada. Para isso, uma das medidas que podem ser adotadas é o uso de tecnologias sustentáveis, como o sistema integrado lavoura-pecuária-floresta (ILPF), plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e uso de bioinsumos. Graças a esses métodos, o cultivo da soja foi capaz de gerar uma economia de 71 milhões de hectares de áreas plantadas desde 1960, o que corresponde à soma dos territórios de Irlanda e França, segundo recente estudo publicado pela Embrapa, Tecnologias Poupa-Terra 2021.

As tecnologias poupa-terra são aquelas adotadas pelo setor produtivo, de baixo ou alto custo, que permitem incrementos sustentáveis na produção total em uma mesma área e, graças ao seu uso, evita-se a abertura de novas áreas para produção agropecuária.

Na safra de 2019/2020 da soja, foram produzidos 251 milhões de toneladas de grãos em uma área de 65,8 milhões de hectares. A contribuição da soja para esse montante foi de 120,9 milhões de toneladas em 36,9 milhões de hectares, o que representa uma produtividade de aproximadamente três quilos por hectare.

“Se nos reportarmos à década de 1970, sem a tecnologia existente hoje para produção de soja no Brasil, para manter esses índices de produtividade, seria necessário expandir a área em 195%, ou seja, praticamente o triplo do que temos hoje. Com a ciência e as tecnologias poupa-terra conseguimos preservar uma área de 71 milhões de hectares”, afirma Guy de Capdeville, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa.

No caso da avicultura de corte, em 1975, o frango precisava de 2,1 kg de ração para ganhar um quilo de peso vivo. Em 2020, esse mesmo quilo de peso foi obtido com 1,7 kg de ração. Considerando a produtividade atual do milho e soja no país, caso o desenvolvimento tecnológico não tivesse dotado os frangos de maior capacidade de conversão de ração em ganho de peso, a avicultura de corte demandaria um adicional de 1.551.056,40 ha de terra para entregar as mesmas 16,4 milhões de toneladas de peso vivo de frango produzidas em 2020. Essa economia de terra equivale a três vezes o tamanho do Distrito Federal.

Na suinocultura comercial brasileira, a melhora na conversão alimentar entre os anos de 1975 e 2020 permitiu reduzir o consumo de ração de 3,5 kg para 2,6 kg. Sem o aporte tecnológico, seriam necessários 1.007.745,70 ha de terra para produzir as 5,3 milhões de toneladas de carne suína produzidas hoje. A terra poupada corresponde ao território inteiro da República do Chipre.

Há várias tecnologias que contribuíram para o aumento da produtividade da soja e, ao mesmo tempo, para a intensificação dos modelos de produção, como, por exemplo, a integração lavoura-pecuária:

  • o zoneamento agrícola de risco climático (Zarc) como um instrumento de política pública para a diminuição de perdas na agricultura causadas por fatores climáticos.
  • melhoramento genético, com avanços importantes acerca da resistência genética a patógenos causadores de doenças de soja
  • uso de arranjo espacial de plantas adequado para cada cultivar
  • análise química de solo e foliar
  • sistema de plantio direto, que hoje ocupa quase 70% da área cultivada com grãos e mais de 90% da área da soja
  • fixação biológica de nitrogênio, microrganismos promotores de crescimento e solubilizadores de fosfatos do solo
  • manejo de plantas daninhas
  • manejo de insetos-praga
  • controle das doenças por meio da resistência genética
  • Avanços na mecanização da semeadura à colheita

Fonte: Embrapa e o livro “Tecnologias Poupa-Terra 2021”, de Samuel Telhado e Guy de Capdeville