Por André Garcia
Para produzir um hectare de milho em sistema de cultivo solteiro, o agricultor sul-mato-grossense desembolsou R$ 4.474,70, o que corresponde a 89,49 sacas por hectare na 2ª safra de 2024/2025. Os custos para o período foram divulgados na última semana pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja-MS).
Considerando todas as despesas diretas e indiretas da atividade, incluindo custos fixos e variáveis, os cálculos apontaram uma base na produtividade média estimada de 81 sacas por hectare, e no preço médio de R$ 50,00 por saca de 60 quilos. Neste cenário, pressionado por altos custos e riscos climáticos, o produtor pode ficar no prejuízo.
Não à toa, na segunda safra 2024/2025, com previsão de 2,103 milhões de hectares – praticamente a mesma do ciclo anterior –, o milho ocupa 47% da área que foi destinada à soja no Estado. Em outras palavras, a área cultivada com milho é cerca de 75% menor que a da oleaginosa.
“A cada safra as margens de lucro ficam mais apertadas, o que exige do produtor rural uma capacidade de planejamento, gestão e tomada de decisões muito eficientes”, afirma o economista da Aprosoja/MS, Mateus Fernandes.
Dobradinha com a soja
Uma das estratégias destacadas é a rotação de culturas. De acordo com Mateus, nas áreas onde o milho é utilizado para amortizar os custos da safra de soja, o custo por hectare cai para R$ 3.278,83 ou 65,58 sacas.
“Com o estudo, comprovamos o que é de conhecimento da maioria dos agricultores: a produção do milho em rotação com soja é mais vantajosa economicamente”, afirmou. Neste modelo, o lucro é de 15,42 sacas, enquanto no sistema solteiro, o custo em saca por hectare ultrapassa a estimativa média de produtividade”, reforçou Mateus.
Fertilizantes e sementes geraram maior despesa
Fertilizantes e sementes seguem como as principais despesas do custeio, representando juntos, 70% do total, equivalente a 40 sacas/ha.
Neste cálculo, os fertilizantes têm maior peso e correspondem a 41,8% do total, o equivalente a 24,20 sacas/ha, seguidos pelas sementes, responsáveis por 27,3% ou 15,80 sacas/ha e inseticidas, que representam 9,8%, equivalente a 5,7 sacas/ha, contribuindo significativamente para a composição final do custo.
Além dos insumos, o levantamento apontou despesas administrativas, assistência técnica, armazenagem, transporte, juros e depreciação de maquinário como componentes do custo operacional da lavoura. Já o custo total contemplou ainda, a remuneração do capital investido.
LEIA MAIS:
Custo do milho sobe e exige maior produtividade em MT
Cemaden aponta impacto da seca sobre pecuária e milho
Milho sofre com seca e aumento de lagartas
Clima coloca segunda safra de milho em xeque
Atraso na colheita da soja prejudica janela ideal do milho
61% das exportações de milho de Mato Grosso já saem pelo Arco Norte
Desmate causou prejuízo de R$ 5,8 bi em soja e milho na Amazônia
Produção de grãos deve cair 6,6% e atingir 298,60 milhões de t
Seca faz cair estimativa de produção de milho safrinha em 34% no MS
Seca deve reduzir em quase 20% a produção de milho safrinha em MS