A condição climática que favorece secas prolongadas e incêndios no Pantanal deve continuar nos próximos meses. De acordo com o relatório mais recente do órgão norte-americano Climate Prediction Center (CPC), há 74% de chance de a chamada Fase Neutra se manter até agosto deste ano. Essa fase é caracterizada pela estabilidade das temperaturas do oceano Pacífico Equatorial, ou seja, sem atuação dos fenômenos El Niño (aquecimento) ou La Niña (resfriamento).
O alerta preocupa pesquisadores, especialmente em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que concentram grande parte do bioma pantaneiro. Isso porque, a Fase Neutra, embora pareça um cenário equilibrado, historicamente ela está ligada a secas severas no Centro-Oeste.
Segundo a ONG Ecoa (Ecologia e Ação), que monitora o Pantanal, períodos de Fase Neutra já coincidiram com eventos extremos, como a seca da década de 1960 e os incêndios devastadores de 2019 e 2020.
Situação atual
Em 2025, o comportamento das cheias no Pantanal tem variado. Desde dezembro, o norte da região recebeu chuvas intensas, enquanto a parte sul ficou abaixo da média. A partir de março, houve alguma recuperação nas sub-bacias dos rios Miranda, Aquidauana e Taquari, todas em Mato Grosso do Sul.
Isso reduziu a seca na vegetação, diminuindo, ao menos por enquanto, o risco de incêndios precoces — que costumam ocorrer entre julho e setembro, auge da estação seca.
Apesar da melhora momentânea, os especialistas mantêm o alerta. A previsão é que a Fase Neutra continue entre junho e agosto, e ainda tenha mais de 50% de chance de persistir até outubro. A partir de novembro, cresce a possibilidade de entrada do fenômeno La Niña, que também pode agravar a seca na região.
Trimestre decisivo
O próximo trimestre será decisivo para o Pantanal. As chuvas recentes podem ajudar a manter o solo úmido por mais tempo, mas, caso a estiagem avance com a força que costuma ter em anos de Fase Neutra, o bioma poderá enfrentar mais uma temporada crítica.
Nos últimos anos, o Pantanal enfrentou muitos incêndios florestais, intensificados por períodos de seca prolongada. Só em 2020, cerca de 30% do bioma foi atingido pelo fogo, trazendo enormes prejuízos ambientais e socioeconômicos, e afetando a fauna, a flora, as comunidades locais e atividades agropecuárias.
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