Por André Garcia
O número de focos de incêndio caiu 46% no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No total, foram 35.938 registros no ano passado contra 19.277 neste ano em todo o Brasil.
O líder do ranking nacional é Mato Grosso, com 3.538 casos, o equivalente a 18,4% do total registrado em todo o País. Em seguida, aparecem Tocantins, com 2.623 ocorrências (13,6%), Bahia, com 1.992 (10,3%), e Maranhão, com 1.946 (10,1%).
No recorte por municípios, Mato Grosso também se destaca: seis das dez cidades com mais focos em 2025 estão no estado: Nova Maringá, Paranatinga, Gaúcha do Norte, Marcelândia, Brasnorte e Juara, que somam juntas 1029 ocorrências. O município com o maior número absoluto, no entanto, é Mateiros (TO), com mais de 200 focos.
Embora a tendência de queda se repita no Centro-Oeste, onde a redução foi de 67,5% nas ocorrências, que passaram de 19.917 para 4,871, esta ainda é uma das regiões mais afetadas pelo fogo no Brasil. Além de Mato Grosso, Goiás registrou 703 focos e Mato Grosso do Sul, 610 focos.
Também é no Centro-Oeste onde o fogo incide com mais frequência sobre áreas produtivas, o que pode comprometer diretamente a produtividade no campo. Isso porque o fogo degrada o solo, aumentando a necessidade de insumos e elevando os custos de produção.
Redução em quatro dos seis biomas
A queda também foi verificada pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De acordo com o Lasa, o Brasil registrou queda de 65,8% nas áreas queimadas de janeiro a junho de 2025 em relação ao primeiro semestre de 2024. De 3,1 milhões de hectares queimados no primeiro semestre de 2024, o País pulou para cerca de 1 milhão nos primeiros seis meses de 2025.
O levantamento do Lasa identificou ainda que a redução nas áreas queimadas e nos focos de calor ocorreu em quatro dos seis biomas brasileiros. Os resultados são reflexo de condições de seca e riscos de incêndios menos severas em 2025, após situações atípicas em 2023 e 2024, somadas a um conjunto de esforços adotado pelo governo federal em parceria com estados para enfrentar os incêndios.
O Pantanal foi o bioma com o recuo mais acentuado nas áreas queimadas em 2025 (13,4 mil hectares), com queda de 97,8% em relação a 2024 (607,9 mil hectares). Em focos de calor, a redução também foi expressiva. O bioma alcançou 97,6% de redução, com 86 pontos detectados no primeiro semestre de 2025, diante dos mais de 3,5 mil focos identificados no período anterior.
A Amazônia foi o bioma com o segundo melhor resultado em ambos os critérios. Foi identificada redução de 75,4% nas áreas queimadas, com o registro de 247,9 mil hectares comprometidos no primeiro semestre de 2025 frente a mais de 1 milhão de hectares queimados em 2024 no mesmo intervalo temporal. O primeiro semestre desse ano somou 5.169 focos de calor no bioma, o que representou uma redução de 61,7%, em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 13.489 focos de calor.
Em seguida, vem a Mata Atlântica, com declínio de 69,7% da área atingida pelo fogo, saindo de 91,9 mil hectares no primeiro semestre de 2024 para 27,8 mil hectares nesse período em 2025. Em focos de calor, a diminuição foi de 33,3%: 2.619 de janeiro a junho de 2025 ante 3.927 de janeiro a junho de 2024.
Já no Cerrado foi constatada queda de 47% nas áreas queimadas, com 724,6 mil hectares atingidos pelo fogo de janeiro a junho de 2025. No ciclo anterior, foram identificados 1,3 milhão de hectares queimados. O bioma sofreu redução de 33,1% em relação aos focos de calor no primeiro semestre de 2025 ( 8.854) na comparação com o primeiro semestre de 2024 ( 13.229).
Pampa e Caatinga foram os únicos biomas que registraram aumento nos dois indicadores.
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