Os prejuízos que a taxação de 50% dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras vai causar ao agro também será devastador para a fruticultura. O principal polo exportador de frutas do país, localizado no Vale do São Francisco, no Nordeste, está entre os grandes afetados.
O alerta foi feito pela Valexport (Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco) ao indicar que a tarifa pode inviabilizar toda a operação logística e comercial para os EUA, ameaçando paralisar a atividade em toda a região.
A fruticultura irrigada do Vale do São Francisco movimenta cerca de US$ 500 milhões em exportações por ano e garante 250 mil empregos diretos e 950 mil indiretos.
Para tentar evitar os impactos, a Valexport divulgou uma carta aberta, endereçada aos governos do Brasil e dos Estados Unidos, embaixadas, ministérios e órgãos de comércio. No documento, a associação pede o restabelecimento urgente do diálogo diplomático e técnico.
“É imperativo encontrar uma solução que permita a manutenção do fluxo de exportações, a preservação dos empregos e o respeito ao esforço de milhares de famílias e empresas comprometidas com a produção sustentável de alimentos”, afirma o presidente da entidade, José Gualberto de Almeida.
A carta também destaca que o tarifaço pode derrubar os preços, comprometer a rentabilidade do setor e gerar desemprego em massa no Vale do São Francisco. “Contamos com o bom senso, a responsabilidade institucional e o espírito de cooperação que sempre marcaram as relações entre nossos países”, diz o documento.
Efeitos em todo o país
O tarifaço também pode atingir diretamente municípios do Centro-Oeste, Norte e Sul, onde o agro tem grande peso na geração de emprego e renda e depende das exportações para os EUA. Produtos como carne, suco de laranja, café e madeira podem sofrer impactos diretos, já que representam parte importante das vendas para o mercado norte-americano.
Dados da CNI indicam que cerca de 40 mil empregos no setor agropecuário brasileiro podem ser cortados como consequência direta da taxaça de 50%. No total, a perda pode chegar a 110 mil postos de trabalho, afetando também o comércio (-40 mil) e a indústria (-26 mil).
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