Por André Garcia
A agricultura regenerativa ganha força no Brasil com programas que já atuam em larga escala. Na mesma semana em que o consórcio Reg.IA, que reúne empresas como a Bayer, anunciou a colheita de 149,1 mil toneladas de soja regenerativa, a ADM apresenta resultados de 86 mil toneladas garantidos pelo Re:generations.
Hoje o programa da ADM atua em 25 mil hectares distribuídos entre Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Na safra 2024, a soja colhida nessas áreas teve emissões de carbono 50% menores que a média nacional, segundo relatório anual divulgado pela empresa nesta segunda-feira, 8/9.
Embora atualmente envolva apenas 16 produtores, o programa se desenvolve em estados onde predomina o Cerrado, área estratégica para o avanço da agricultura regenerativa. Estudos da Boston Consulting Group (BCG) apontam que a região pode dobrar sua produção até 2050, movimentando US$ 100 bilhões com o modelo.
“Fica cada vez mais claro que a agricultura regenerativa representa uma oportunidade para apoiar os meios de subsistência e o legado dos agricultores, fortalecer a resiliência das cadeias globais de suprimentos e gerar valor para os clientes e para a própria ADM, atendendo a uma demanda crescente e em constante evolução”, diz o relatório da ADM.
Re:generations
Criado em 2023, o programa garante suporte para implantação de técnicas como plantio direto intensificado, rotação de culturas e uso de insumos biológicos, além de treinamentos voltados para gestão social e ambiental das propriedades. O combo tem sido fundamental para produtores como Lisandra Zamboni, de São Gabriel do Oeste.
“O apoio acelera o processo, me permite medir o que está acontecendo na minha propriedade e observar como a agricultura regenerativa está sendo praticada em outros lugares. É sobre estar cada vez mais atento à terra e aos efeitos da nossa atividade na natureza”, conta ela.
Medição do carbono no solo
Para comprovar os resultados da agricultura regenerativa, o programa utiliza uma calculadora desenvolvida em parceria com a Embrapa e a Bayer, que mede com precisão quanto carbono é emitido ou capturado no campo. A ferramenta usa dados coletados diretamente nas fazendas, levando em conta clima, solo e manejo.
O projeto entrou agora na fase de coleta de amostras de solo em todas as propriedades participantes. O objetivo é medir quanto carbono está sendo armazenado no solo graças a práticas como o plantio direto e a cobertura permanente, transformando o que se vê na lavoura em números reconhecidos por padrões internacionais.
Esses dados permitem que a soja seja certificada como de baixa emissão, abrindo espaço em mercados que pagam mais por produtos sustentáveis e criando oportunidades futuras para créditos de carbono.
Produzir mais gastando menos
A agricultura regenerativa protege e melhora a saúde do solo, a biodiversidade, o clima e os recursos hídricos, ao mesmo tempo em que apoia oportunidades de geração de valor para os agricultores. Entre as técnicas estão o uso de cobertura de solo, rotação de culturas, plantio direto e gestão responsável de insumos.
Como já mostramos, o modelo tem sido visto como alternativa para reduzir custos e aumentar a resiliência das lavouras. A mudança é estratégica: em 2023, os gastos com sementes, fertilizantes e defensivos somaram R$ 155 bilhões, o equivalente a 44% do valor bruto da produção – há dez anos, essa fatia era de apenas 30%.
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