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Tarifaço abre oportunidade para novos mercados no Centro-Oeste

Tarifaço abre oportunidade para novos mercados no Centro-OesteUnião Europeia e Ásia são principais mercados alternativos. Foto: Reprodução/Imac

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Por André Garcia

Mesmo com impacto limitado sobre as exportações do Centro-Oeste — que, em 2024, destinou apenas 3% de suas vendas externas ao mercado norte-americano —, as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros acendem um alerta: é preciso diversificar para garantir estabilidade no mercado global.

De acordo com estudo da ApexBrasil, o movimento abre espaço para uma reconfiguração estratégica para Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, que têm na União Europeia e em países da Ásia os principais mercados alternativos para a cadeia da pecuária, da indústria de base florestal e de produtos siderúrgicos.

“Esse trabalho é paralelo à manutenção do trabalho com Washington, em articulação com o Governo Federal, para buscar soluções que minimizem os impactos imediatos das tarifas sobre nossa pauta exportadora”, comentou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.

Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul foi o estado do Centro-Oeste que mais exportou para os Estados Unidos em 2024. Os norte-americanos foram o segundo principal destino das vendas externas, que somaram US$ 669,6 milhões, o equivalente a 6,7% do total exportado.

Segundo a ApexBrasil, produtos como sebo bovino, carnes salgadas ou defumadas, gorduras e óleos processados, couros, peles e ovos sem casca têm grande potencial para conquistar novos mercados, especialmente na União Europeia — com destaque para França, Alemanha e Espanha — e na Ásia, como China, Japão e Malásia.

A celulose encontra melhores oportunidades na Índia e na Holanda, enquanto a siderurgia pode ampliar presença no Canadá, França e Alemanha, ajudando a diversificar a pauta exportadora do estado.

Goiás

Em Goiás, os Estados Unidos foram o segundo principal destino das exportações em 2024, com US$ 408,5 milhões, ou 3,3% do total vendido ao exterior. O estado, forte na produção de grãos e proteína animal, também tem oportunidades na indústria farmacêutica e química.

O estudo mapeou seis produtos estratégicos, com destaque para carnes bovinas frescas, que têm potencial de crescimento especialmente na Alemanha, Polônia e no Oriente Médio. Também aparecem oportunidades para produtos farmacêuticos e químicos, voltados à China, à Malásia e África, com foco em Angola.

Mato Grosso

Apesar da baixa dependência dos EUA, Mato Grosso, líder nacional na produção de soja, milho e carne bovina, vê oportunidades em nichos de maior valor agregado, como madeira processada,  óleos essenciais e produtos químicos específicos, que juntos movimentaram US$ 204,6 milhões (49,3% do total exportado aos EUA).

Esses produtos têm potencial em mercados como Suíça e Reino Unido, Holanda e Alemanha, podendo ganhar competitividade com certificações e acordos comerciais.

Cenário nacional

Em 2024, as vendas para o país somaram US$ 40,4 bilhões, o que representa 12% de toda a pauta exportadora nacional. Entre as regiões, o Sudeste tem a maior dependência do mercado norte-americano, com 17% de suas exportações destinadas aos EUA, seguido pelo Nordeste (11%), Sul (9%) e Norte (4%).

Plano Brasil Soberano incentiva diversificação e proteção aos exportadores

Para a Apex, “não colocar todas as fichas em uma cesta só” será fundamental para proteger a economia nacional dos impactos da tarifação unilateral. Por isso, o objetivo do relatório é subsidiar as ações do Plano Brasil Soberano, do Governo Federal, apoiando exportadores, preservando empregos e incentivar investimentos.

Entre as medidas previstas, estão R$ 30 bilhões em crédito acessível por meio do Fundo Garantidor de Exportações (FGE), voltado principalmente a pequenos e médios negócios afetados pelas tarifas. O plano também amplia o prazo para uso de créditos tributários de empresas que atuam no regime Drawback.

 

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