O atraso na regularização das chuvas em todo o estado de Mato Grosso tem gerado “grande preocupação” entre os produtores rurais. A falta de precipitações contínuas está “limitando o ritmo das operações de plantio em campo” e, ao mesmo tempo, “ampliando o risco de falhas de estande, necessidade de replantio e pressão da janela para a segunda safra de milho”, conforme nota da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso).
A entidade reforça que a regularização das chuvas é “decisiva para acelerar o plantio e resguardar a janela da safra do milho”, cultura que “ganha cada vez mais espaço na produção mato-grossense”.
O presidente da entidade, Lucas Costa Beber, lembra que um dos desafios cruciais é a “possível queda na produtividade devido ao estresse hídrico inicial”.
Em um ano de margens pressionadas e com menos espaço para investimentos, a Aprosoja MT alerta também para os efeitos financeiros que afetam os produtores, especialmente com a necessidade de replantio. Por isso, a entidade reforça a necessidade de condições de crédito compatíveis com as dificuldades enfrentadas no campo, a fim de mitigar perdas em cenários desafiadores e preservar a viabilidade econômica dos produtores.
O presidente da entidade, Lucas Costa Beber, avalia que o cenário tem sido desafiador nas diferentes regiões do estado.
“O andamento do plantio chegou a 21%, porém nós temos observado que há muitas previsões de chuva que não têm se confirmado. Havia uma expectativa de aceleração do plantio já após a segunda quinzena de setembro e estamos entrando na segunda quinzena de outubro e as chuvas ainda não regularizaram, ou seja, mesmo com esse plantio em andamento, havia lugares que estavam há mais de 10 dias sem chuvas, o que pode causar deficiência no estande de plantas, uma má distribuição de plantio ou também replantio, que ainda não é possível mensurar. Tem sido um plantio desafiador esse ano, porque apesar do ritmo acelerado, as chuvas ainda precisam se regularizar para ter uma maior segurança”, afirmou em nota.
O fenônemo La Niña, oficialmente ativo desde 9 de outubro, deve ter curta duração e fraca intensidade. Isso não significa, porém, que não vá impactar diretamente a colheita da soja no Brasil, especialmente nas regiões de Cerrado, onde há risco de invernadas — períodos de chuva prolongada e volumosa — entre a segunda quinzena de janeiro e a primeira de fevereiro de 2026.
O alerta é do Clima Rural, que informa ainda que Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e o Matopiba devem enfrentar um janeiro e fevereiro extremamente chuvosos, com chances de invernadas, o que pode atrapalhar a colheita da soja e o plantio da segunda safra também.
De acordo com publicação do Globo Rural, a partir de novembro haverá chuvas regulares no Brasil – com exceção do Matopiba. Já em dezembro, esperam-se períodos secos no Rio Grande do Sul, oeste do Paraná e extremo sul de Mato Grosso do Sul, condição normal durante o La Niña.
Ritmo acelerado
Apesar do alerta, o plantio da safra 2025/26 começou em ritmo acelerado. Até 9 de outubro, a AgRural registrou 14% da área estimada já semeada, um dos maiores índices da série histórica. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) contabilizou 21,22% de área plantada, avanço de 6,19 pontos percentuais em uma semana.
O índice está bem acima dos 8,81% registrados no mesmo período da safra anterior e da média histórica dos últimos cinco anos.
Mas nem todas as regiões, no entanto, avançam no mesmo ritmo. Em partes do Centro-Oeste e do Norte, a irregularidade das chuvas ainda impede o início pleno das atividades, enquanto no Sul e Sudeste o excesso hídrico atrasa o plantio em determinadas áreas.
LEIA MAIS:
Soja brasileira já ocupa 90% do mercado chinês
Abelhas impulsionam soja e viram ‘selo de sustentabilidade’
Produtores e empresas articulam mudanças na Moratória da Soja