Por André Garcia
Durante o mês de junho, o Cerrado teve 65% de focos de queimadas a mais que a Amazônia, chegando a 4472 registros. Ainda que tenha crescido apenas 5% em relação a 2022, este número representa o maior índice para o período nos últimos 12 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A marca também é a mais alta de 2023, acendendo um alerta sobre a conservação do segundo maior bioma do Brasil e savana com a maior biodiversidade do mundo. Isso porque, é no mês de junho que a seca se acentua, podendo a ausência quase total de chuva se estender até outubro, o que agrava o cenário dos incêndios florestais.
Para se ter ideia, a série histórica do Programa Queimadas, do Inpe, mostra que a partir dos 4.239 focos registrados em junho de 2022, houve uma escalada de 6.713 em julho, 10.567 em agosto e 13.651 em setembro. O cenário começou a mudar em outubro, com 11.594 e só apresentou redução considerável em novembro, com 2.154.
Com dados coletados entre 25 de maio e 23 de junho, o ranking das queimadas entre os estados mostra que as situações de Tocantins (1.167) e do Maranhão 1.122 são as mais graves do país. A lista segue com Mato Grosso (408), Bahia (351), Piauí (343), Goiás (291), Minas Gerais (225), Mato Grosso do Sul (132), Pará (82) e São Paulo (39).
É importante lembrar que o Cerrado também vem atingindo índices de desmatamento muito superiores aos da Amazônia, já tendo perdido quase metade da sua cobertura e possuindo apenas 3% de sua área em proteção integral. Isso torna o cenário ainda mais preocupante, já que é na região onde nascem as principais bacias hidrográficas do país.
Diante das ameaças, o Governo Federal prometeu lançar um Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado). Recentemente, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, afirmou que o lançamento pode acontecer ainda em setembro.
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