Por André Garcia
Mais de 30 empresários do setor de carne bovina participam da missão brasileira em Jacarta para consolidar o país como parceiro estratégico da Indonésia — nação com 270 milhões de habitantes e crescente demanda por proteína. O grupo quer atrair investimentos e firmar acordos de cooperação tecnológica voltados à bioeconomia, energia limpa e monitoramento de florestas tropicais.
Atualmente, 38 frigoríficos brasileiros estão habilitados a exportar ao país asiático. Uma lista adicional com 40 plantas aguarda autorização das autoridades locais, o que pode mais que dobrar o número de unidades aptas a vender carne halal, certificada conforme as normas islâmicas.
De janeiro a setembro de 2025, o Brasil exportou 16,7 mil toneladas de carne bovina para a Indonésia, movimentando mais de US$ 76 milhões — volume superior à soma dos dois anos anteriores. O país já ocupa a terceira posição entre os principais fornecedores, atrás apenas da Austrália e da Índia, e figura entre os 20 maiores destinos da proteína brasileira.
De acordo com publicação do Globo Rural, o foco agora é ampliar o portfólio de produtos exportados. Recentemente, a Indonésia autorizou a importação de carne com osso, miúdos e produtos industrializados, abrindo espaço para carnes premium e processadas. O setor também busca reduzir tarifas de até 30% sobre derivados bovinos e produtos industrializados, enquanto as taxas para carne sem osso e miúdos permanecem em 5%.
Investimentos e inovação
Além das exportações, o mercado indonésio representa uma nova fronteira de investimentos. A JBS assinou um memorando de entendimento com o fundo Danantara Indonesia para explorar oportunidades conjuntas na produção sustentável de alimentos. A meta é criar uma plataforma local voltada à fabricação de proteínas e produtos de origem animal, consolidando o país como polo regional de referência no setor.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, há forte demanda e otimismo por parte das empresas brasileiras. Em encontro com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, empresários destacaram o potencial de crescimento das exportações e a expectativa de envio de uma nova missão técnica indonésia para habilitar mais frigoríficos ainda em 2025.
Ciência e tecnologia: o elo verde da parceria
A missão brasileira também abriu espaço para cooperação científica. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, assinou um memorando de entendimento com a Agência Nacional de Pesquisa e Inovação da Indonésia (Brin). O acordo prevê o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias, intercâmbio de pesquisadores e estudos voltados à bioeconomia, às mudanças climáticas e à energia limpa.
“Como nós temos em comum grandes florestas, vamos cooperar fornecendo os nossos modelos de satélites, inclusive o Amazônia-1, para reforçar o monitoramento. Com isso, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o governo da Indonésia vão trocar imagens e ajudar mutuamente a garantir o controle do desmatamento criminoso e das queimadas”, detalhou a ministra.
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