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Sítio troca produção de queijo por turismo para garantir lucratividade

Sítio troca produção de queijo por turismo para garantir lucratividadeFoto: Senar-MS

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Por André Garcia

O turismo rural vem se destacando como alternativa de lucro para várias propriedades no Brasil. As oportunidades são boas, mas para transformar potencial em renda, planejamento e preparo técnico podem ser decisivos. É o que ensina a história do Sítio Harmonia, em Campo Grande (MS).

Hoje, o espaço conta com estrutura definida, serviços organizados e capacidade para receber grupos cada vez maiores. Mas nem sempre foi assim. Ainda sem planejamento definido, o proprietário, Carlos Caetano, buscava uma alternativa de renda após perceber que a manutenção do sítio exigia mais investimento do que o previsto.

A primeira tentativa veio com a produção de queijos de cabra, mas o mercado era restrito e pouco conhecido pelo público local. Mas quem chegava ao sítio para degustar os produtos queria estender. “Perguntavam se podiam conhecer os animais, se havia geleias, se podiam almoçar, passar o dia.”

Foi aí que entrou o apoio do Senar/MS, por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroturismo. A partir de uma avaliação da estrutura física, de processos produtivos, finanças e atendimento, foram definidas ações de gestão, organização dos espaços, criação de experiências, comunicação e estratégias de divulgação.

“O Senar nos deu um novo caminho. Nos ajudou a estruturar o sítio, o planejamento, a parte financeira, a comunicação nas redes sociais. Se eu pudesse voltar no tempo, teria começado antes. Eles vão abrindo os horizontes, você vai vendo outras possibilidades dentro do negócio”, comenta o empreendedor.

A profissionalização permitiu que a propriedade passasse a receber visitantes de forma planejada e segura. Com a estrutura ajustada, o Sítio Harmonia expandiu a oferta de experiências para além da paisagem. O café da manhã pantaneiro, que começou informalmente para pequenos grupos, hoje recebe até cem pessoas por domingo.

Foto: Senar-MS

No sítio, localizado no distrito de Rochedinho, também são oferecidas atividades educativas, como a Vivência do Homem Rural, voltada a escolas e grupos que buscam conhecer a rotina do campo, a origem dos alimentos e o manejo de animais.

“Hoje, a gente sabe onde investir e como medir os resultados”, reforça Carlos.

O que o turista procura no campo

A pesquisa Demanda Turismo Rural, divulgada recentemente pelo Ministério do Turismo (MTur), mostra que a autenticidade da comida é um dos principais atrativos para 73% dos turistas que buscam o campo.  Não à toa, o café da manhã pantaneiro, que no início atendia dez pessoas, hoje recebe até cem visitantes por domingo.

Foto: Senar-MS

O cardápio inclui quebra torto (arroz carreteiro e ovo frito), sopa paraguaia, chipa, pão caseiro, pão de milho, geleias de morango, abacaxi e goiaba, manteiga, doce de leite e queijo caipira. Para completar a experiência, o sítio também oferece almoço com comida de comitiva feita na trempe, valorizando sabores tradicionais da região.

O levantamento do MTur aponta ainda que metade dos turistas procuram destinos que ofereçam algum tipo de aprendizado, enquanto 47% se interessam por atividades relacionadas à sustentabilidade. A busca por paz e tranquilidade também aparece entre os principais motivos de 70% deles.

Essa combinação ajuda a explicar por que elementos simples do cotidiano rural têm tanto impacto. Carlos conta das vezes em que visitantes se recordam da infância quando estão ali.  “É a minha casa que eu abro para receber pessoas. A maior felicidade é ver alguém sair daqui levando uma lembrança resgatada”, conclui.

 

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