HomeEcologiaAgricultura

Conheça quatro benefícios do cultivo de arroz de sequeiro

Conheça quatro benefícios do cultivo de arroz de sequeiro

Jovens põem a mão na massa para reflorestar o Brasil
Câmara Temática de Agrocarbono Sustentável começa em março
Tecnologia nuclear ganha reforço para expandir agricultura sustentável

Por Vinicius Marques

Você já ouviu falar do arroz de terras altas? Conhecido também por arroz de sequeiro, esse sistema de cultivo é diferente do predominante no país, o irrigado, muito encontrado na região sul. A principal diferença está na maneira em que cada cultivo recebe a irrigação. Enquanto o arroz tradicional permanece com uma lâmina de água durante grande parte do ciclo, o de sequeiro depende somente da chuva e, caso necessário, irrigação suplementar por aspersão.

Segundo dados da SOSBAI, o Brasil está entre os dez maiores produtores de arroz do mundo, com uma produção média de 12 milhões de toneladas (considerando ambos sistemas de cultivo). Em termos de produtividade, Mato Grosso lidera como maior produtor de sequeiro, enquanto o Maranhão é o estado com maior área plantada desse sistema de cultivo.

Atualmente, a cultura de arroz de terras altas apresenta uma série de inovações, tornando-se uma opção rentável para áreas de intensificação sustentável. Conversamos com Isabela Volpi Furtini, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, que nos apresentou os principais benefícios que o cultivo de arroz de sequeiro traz para as demais plantações como a soja. Confira!

1.  Aumento na produtividade da soja

O arroz cultivado nesse tipo de sistema gera uma palhada de muita qualidade. Ao inserir o arroz na rotação de culturas, o produtor só ganha.

“O cultivo da soja pós-arroz pode ter um incremento de até 20% na produtividade da soja”, declara Isabela Furtini. “Isso dá aproximadamente umas  dez sacas a mais por hectare. Outras culturas também se beneficiam, como por exemplo o feijão.”

O uso da palhada do arroz na cultura seguinte contribui ainda para o incremento de carbono e matéria orgânica, melhorando a fertilidade e estrutura física do solo.

2. Cultivares com grande resistência a herbicidas

Em 2018, a Embrapa lançou a BRS A501 CL, que foi a primeira a cultivar de arroz de terras altas a ter boa resistência a herbicida no mundo. Ela apresenta tolerância ao grupo químico das imidazolinonas e não é transgênica. Assim, a cultivar proporciona um controle eficaz de plantas invasoras no sistema de produção, rotacionando herbicidas com princípios ativos diferentes.

E isso abriu a possibilidade para se utilizar o arroz como renovação de pastagens”, conclui Furtini.

Outro avanço feito pela empresa foi um sistema inovador, no qual o arroz é plantado em consórcio com algumas forrageiras na fase inicial.

É aplicado um herbicida específico, com o intuito de segurar o desenvolvimento das forrageiras. Isso permite que o arroz feche as entrelinhas e complete seu ciclo”, explica a especialista da Embrapa.

Muitos produtores ainda mantêm a mesma sucessão “soja-milho” em suas plantações. No entanto, a rotação pouco variada de culturas traz uma série de problemas como pragas e ervas daninhas resistentes a defensivos agrícolas. Assim, ao inserir uma outra cultura no sistema, além de quebrar esse ciclo de doenças, rotaciona-se os herbicidas que apresentam princípios ativos diferentes.

Quando o arroz é colhido, o pasto está formado. Com isso, você tem sua área de pastagem renovada e com um custo praticamente zero”, complementa.

 3. Efeito inibidor sobre nematóides

Os nematóides, grupo de vermes que atacam, principalmente, raízes de plantas, são alguns dos problemas mais comuns que o produtor de soja e algodão enfrenta ao longo da safra. O arroz, no entanto, tem um efeito inibidor sobre algumas populações de nematóides, beneficiando assim a produção.

4. Alta eficiência em sistemas de produção integrada

Um outro benefício que o cultivo de arroz de terras altas pode trazer é que ele contribui para aumentar a eficiência de uso de solo em sistemas de produção integrada, como a integração lavoura-pecuária-floresta.

Hoje, a gente tem milhões de hectares de pastagens degradadas e o arroz é uma cultura muito adequada para a recuperação dessas áreas”, diz Isabela Furtini. Com as cultivares modernas que a gente tem hoje em dia, há um alto rendimento de grãos inteiros por hectare. Então é uma cultura muito rentável!”, finaliza a pesquisadora.