A partir de 1º de agosto, os Estados Unidos impõem uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Essa medida unilateral, anunciada pelo presidente Donald Trump em carta a Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira, 9, parece ter um motivo claro e incômodo para os EUA: a pujança inegável e crescente do agronegócio brasileiro. O Brasil não é apenas um competidor, é uma potência agrícola mundial.
Nosso País se consolidou como um gigante global na produção de alimentos, com safras recordes e uma capacidade exportadora que assusta a concorrência. Essa performance espetacular, motivo de orgulho nacional, agora se torna o calcanhar de Aquiles em uma guerra comercial que busca frear nosso avanço.
O tarifaço, ao encarecer em 50% o que exportamos, parece ser uma manobra direta para minar a competitividade de nosso agronegócio e forçar uma retração ou a busca desesperada por novos mercados.
É bom lembrar que até 2013, os Estados Unidos eram o maior exportador de soja do mundo, sendo ultrapassado pelo Brasil, que quadruplicou, entre 2017 e 2023, suas exportações da oleaginosa, impulsionadas principalmente pelo mercado chinês. Em contraste, as exportações de soja norte-americana se estabilizaram desde 2016.
Desde então, a participação brasileira no comércio global de soja só cresceu, atingindo um recorde em 2023.
O peso de 50% sobre nossos produtos
Embora as exportações brasileiras para os EUA representem “apenas” cerca de 15% do total e 2% do PIB, o país é nosso segundo maior parceiro comercial, e o impacto será sentido em diversos elos da nossa economia.
No agronegócio brasileiro, os impactos recaírão sobre produtos florestais, carnes, café, suco de laranja, açúcar e etanol, além de produtos de origem vegetal.
A nova alíquota terá ainda efeitos diretos sobre o agronegócio nacional, afetando o câmbio, encarecendo insumos importados e comprometendo a competitividade das exportações brasileiras.
Ou seja, o tarifaço é um retrocesso nas relações comerciais entre os dois países que sempre se pautaram pelo respeito mútuo.
Ao contrário do que diz Trump na carta a Lula, Os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos – mais de US$ 91,6 bilhões em bens na última década e US$ 256,9 bilhões incluindo serviços. O Brasil, de fato, é um dos poucos países com superávit a favor dos EUA.
O cenário exige, portanto, uma negociação rápida e estratégica, que, em nome nome da pujança do agronegócio, deve ser de defesa da nossa soberania.