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Raiz mobiliza países e investidores para restaurar terras

Raiz mobiliza países e investidores para restaurar terrasProposta quer acelerar investimentos em restauração em todo o mundo. Foto: Semad

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Por André Garcia

Nove países anunciaram apoio ao Raiz, nova iniciativa global liderada pelo Brasil para financiar a restauração de terras degradadas e impulsionar a produção agropecuária sustentável. O compromisso foi formalizado na quarta-feira (19), durante a COP30, em Belém (PA), e pode levar até um quinto das terras agrícolas do mundo de volta ao uso produtivo.

Além do Brasil, fazem parte do bloco de apoio Austrália, Canadá, Alemanha, Japão, Arábia Saudita, Nova Zelândia, Noruega, Peru e Reino Unido. A proposta busca reunir governos, investidores e instituições multilaterais para acelerar investimentos capazes de recuperar áreas improdutivas e proteger a biodiversidade.

“O Raiz representa o enorme potencial que temos adiante: trazer até um quinto das terras agrícolas do mundo de volta para um uso mais produtivo e sustentável”, disse Kaveh Zahedi, diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO.

A instituição destaca que os benefícios vão além da recomposição do solo: a proposta é manter a capacidade produtiva a longo prazo, reduzir riscos para agricultores e garantir o uso sustentável da biodiversidade. Para isso, o Raiz pretende mobilizar investimentos e parcerias internacionais em larga escala.

Como vai funcionar

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o programa vai mapear terras degradadas ao redor do mundo, identificar soluções de investimento e criar mecanismos que integrem recursos públicos, privados e filantrópicos. A lógica é conectar oferta de financiamento a projetos de recuperação com potencial produtivo.

A iniciativa também quer fortalecer o compartilhamento de conhecimento técnico entre países e regiões, permitindo que modelos de restauração sejam adaptados às diferentes realidades produtivas. A expectativa é que governos interessados possam criar mecanismos nacionais alinhados às diretrizes globais.

Potencial

Segundo a Coalizão de Alimentação e Uso da Terra, reverter apenas 10% da degradação das terras agrícolas poderia restaurar 44 milhões de toneladas de produção anual de alimentos e atender às necessidades nutricionais de 154 milhões de pessoas. Porém, a percepção é de que o capital não está fluindo na escala necessária.

“Ainda existe uma lacuna de US$ 105 bilhões de financiamento, que os governos sozinhos não conseguem preencher. O setor privado poderia investir até US$ 90 bilhões em soluções baseadas na natureza em fazendas, mas tem dificuldades para mobilizar fundos devido aos altos custos iniciais, longos prazos de retorno e retornos variáveis”, explicou.

Desta forma, a participação dos governos é considerada fundamental na redução de riscos do capital privado.

“Bancos de desenvolvimento, investidores privados e parceiros filantrópicos são todos necessários para desbloquear soluções que tragam financiamento aos agricultores e restaurem as terras agrícolas produtivas do mundo”, reforçou o grupo.

 

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