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Amazônia atinge limite máximo de temperatura; Pantanal supera

Amazônia atinge limite máximo de temperatura; Pantanal superaNo Pantanal, a temperatura ficou 1,8°C acima da média. Foto: IHP

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Por André Garcia

Em 2024, a Amazônia brasileira atingiu o limite máximo de aquecimento previsto no Acordo de Paris, com aumento de 1,5° C em relação à média histórica. No Pantanal, a situação foi ainda mais crítica: a temperatura ficou 1,8° C acima da média.

Os dados inéditos foram divulgados pelo MapBiomas Atmosfera, nova plataforma do MapBiomas, nesta quarta-feira (5), e mostram que, entre 1985 e 2024, a temperatura tem aumentado em todo o Brasil a uma taxa média de 0,29° C por década.

No período, não foi só o clima que mudou: a cobertura e o uso da terra, no Brasil e no mundo, também mudaram – o que mostra uma relação cíclica. Para se ter ideia, o desmatamento causa 74% da redução das chuvas e 16% do aumento da temperatura na Amazônia durante a seca.

“A Amazônia perdeu 52 milhões de hectares, ou -13%, de área de vegetação nativa desde 1985. No mesmo período, o bioma teve um aumento médio da temperatura em 1,2° C. Os estudos mais recentes apontam que a perda de florestas modifica as trocas de calor e de vapor d’água com a atmosfera, resultando em temperaturas mais elevadas”, acrescenta Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.

Cerrado e Pantanal aquecem mais rápido

A plataforma mostra que alguns biomas, no entanto, estão se aquecendo mais rapidamente. É o caso do Pantanal  (+0,47 °C / década) e do Cerrado (+0,31 °C / década) – ambos na parte mais continental do país.

A Amazônia, como um todo, permaneceu na média (+0,29° C / década), enquanto outros biomas costeiros apresentaram um ritmo mais brando de aquecimento: Caatinga (+0,25° C / década), Mata Atlântica (+0,21° C / década) e Pampa (+0,14° C / década).

“Os últimos três relatórios do IPCC já apontavam estas tendências de aquecimento e de alteração da precipitação que estamos observando na plataforma MapBiomas Atmosfera”, destaca Paulo Artaxo, professor da USP e que faz parte da iniciativa.

Ele reforça que esses aumentos de temperatura têm impactos significativos em todos os biomas brasileiros. “A redução da precipitação também tem efeitos importantes, especialmente na Amazônia e no Pantanal”, diz Artaxo.

Pantanal em alerta

Desde 2019, temperaturas acima da média têm sido registradas em quase todos os biomas. Neste cenário, o Pantanal registrou um recorde de anomalia em 2024, com temperaturas 1,8° C acima da média.

O bioma é alimentado pelas chuvas na Bacia do Alto Paraguai que, em 2024, teve precipitação 314 mm abaixo da média, com 205 dias sem chuva.  O ano de 2024 foi especialmente quente em todo o Brasil, sendo que a temperatura ficou de 0,3 a 2,0° C acima da média histórica em todos os estados.

Entre os estados

O MapBiomas Atmosfera mostra também que a temperatura do ar está aumentando em todo o Brasil, mas com variações de estado para estado. Nas unidades federativas mais continentais, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Piauí, a temperatura está subindo mais rapidamente, com taxas entre 0,34° C e 0,40° C por década.

Já os estados ao longo da costa brasileira tendem a apresentar menores taxas de aumento de temperatura, como Rio Grande do Norte, Alagoas e Paraíba (0,10° C a 0,12° C/década). Na Região Metropolitana de São Paulo, a temperatura do ar aumenta a uma taxa de 0,19° C por década.

Poluição

Mato Grosso também ganha destaque entre os dados da plataforma em relação à poluição do ar. Ele está entre os estados que apresentaram as maiores concentrações de material particulado fino do Brasil em 2024, com média anual de MP2,5 estimada em 30 µg/m³, ficando abaixo apenas de Rondônia (42 µg/m³).

“A baixa qualidade do ar em estados amazônicos tem relação direta com a fumaça dos incêndios florestais, que ocorrem principalmente na estação seca do bioma, entre julho e setembro, quando as chuvas diminuem de 250 mm/mês para 100 mm/mês, aproximadamente”, esclarece Luciana Rizzo, professora da USP e integrante da iniciativa do MapBiomas Atmosfera.