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Em protesto por vídeo do Bradesco sobre sustentabilidade, pecuaristas promovem ‘Segunda com carne’

Em protesto por vídeo do Bradesco sobre sustentabilidade, pecuaristas promovem ‘Segunda com carne’

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Uma polêmica iniciada no final do ano passado se tranformou na principal notícia no primeio dia útil de 2022. Nesta segunda-feira, 3/1, entidades ligadas ao agronegócio fizeram churrascos nas portas de agências do Bradesco de várias cidades do país, entre elas Cuiabá, em protesto a um video veiculado pelo banco em suas redes sociais, em que se recomendava a redução do consumo de carne em prol da sustentabilidade do planeta.

No vídeo, três influencers dão dicas  de atitudes sustentáveis para reduzir o impacto individual nas emissões de gases de efeito estufa para divulgar um aplicativo do Bradesco que calcula pegadas de carbono. Uma delas, seria aderir ao movimento internacional “Segunda sem Carne”, em que se opta neste dia da semana por um prato vegetariano.

A reação dos pecuaristas foi rápida, e o banco tirou o vídeo das redes tão logo a celeuma se instalou, em 23 de dezembro. No dia seguinte, o Bradesco divulgou uma carta aberta ao agronegócio, em que lembrou seu apoio “de forma plena” ao segmento do agronegócio brasileiro, “estabelecendo parcerias sólidas e produtivas”. Na carta, o banco ainda procura se desvincular do conteúdo do vídeo, dizendo que tomaria ações administrativas internas severas por conta do ocorrido.

De nada adiantou. Além dos churrascos nas portas das agências,  batizados de “Segunda Com Carne” e promovidos por  entidades  como a Associação dos Criadores do Mato Grosso, Nelore Mato Grosso, entre outras, muitos pecuaristas fecharam suas contas no Bradesco, nos últimos dias.

Metano

Vamos aos  fatos. Segundo o Observatório do Clima, o Brasil está entre os cinco maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta. Um desses gases é o metano, gás liberado pelo gado pela narina e pela boca durante o processo de digestão. Este processo faz com que, segundo o Observatório, 71% da emissão de metano no país venham da pecuária.

O metano tem sido responsável por cerca de 30% do aquecimento global desde a época pré-industrial e está proliferando mais rapidamente do que em qualquer outra época desde que a manutenção de registros começou nos anos 80. De acordo com dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, mesmo quando as emissões de dióxido de carbono desaceleraram durante os bloqueios relacionados à pandemia de 2020, o metano atmosférico disparou para cima.

Além da redução da emissão, foi lembrado que há formas de compensar as emissões, como  os sistemas Integrados de Lavoura-Pecuária e Floresta (ILPF) que hoje ocupam 17 milhões de hectares no país.

O desafio, segundo o próprio governo e a Embrapa, é fazer com que todos os produtores rurais brasileiros, inclusive os pequenos, tenham acesso a essas novidades. A iniciativa privada, neste sentido, é de vital importância. Ou seja, instituições financeiras, empresas e indústrias podem ser grandes investidores e incentivadores destas novas práticas.

Os bancos, inclusive, na mesma COP26, cientes do papel fundamental que  desempenham na mobilização de recursos para combater o aquecimento global, se comprometeram a apoiar as companhias na transição para uma economia mais sustentável, assim como desenvolver novos produtos alinhados aos critérios ambientais, sociais e de governança.