O Pantanal enfrenta um cenário de crescente estresse hídrico que acende o alerta para o risco de incêndios na região. Imagens de satélite feitas divulgadas pelo Ecoa mostram que a falta de água na vegetação, que afetava principalmente a área leste do bioma no final de julho, já se expandiu e atingiu a porção oeste em meados de agosto.
De acordo com a Organização, apesar de os níveis do Rio Paraguai ainda estarem acima dos registrados em 2024 — ano da maior seca histórica —, eles estão em queda gradativa. A redução do volume do rio, que é o principal “canal” de drenagem da planície, faz com que a área inundada e o lençol freático diminuam, deixando o solo mais seco. Essa combinação de fatores cria as condições perfeitas para a propagação de chamas.
O cenário é ainda mais preocupante, dizem os pesquisadores, com a previsão climática. A Fase Neutra entre os fenômenos El Niño e La Niña, no Oceano Pacífico, deve continuar nos próximos meses. Essa condição costuma estar associada a uma menor quantidade de chuvas na bacia do Rio Paraguai, o que pode agravar a situação de seca na região.
Essa conjuntura de rios baixando, solo seco e a perspectiva de pouca chuva nos próximos meses reforça a necessidade de levar em conta o cenário mais desfavorável e intensificar as ações preventivas para evitar que o Pantanal enfrente um novo período de grandes incêndios.
Rios
A prefeitura de Rondonópolis (MT) informou, no dia 1º de agosto, que o rio Vermelho, o principal curso de água que atravessa o município, afluente do rio São Lourenço e, portanto, abastecedor do Pantanal, “bateu recorde histórico ao marcar o menor nível de água das últimas décadas na quinta-feira (31/7). Em medição feita pela Defesa Civil do Município, foi registrado 1,13 metro de profundidade. Até então, o menor nível registrado havia sido em outubro de 2024, com 1,20 metro”.
Já no Mato Grosso do Sul, outro rio que também fornece água para o Pantanal, o Aquidauana, está com nível abaixo da média, segundo o órgão estadual encarregado de sua verificação.
Os dados disponíveis nesse momento indicam um cenário de risco de incêndios. As ações preventivas devem prosseguir por parte das brigadas comunitárias e dos órgãos governamentais.