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‘Futuro habitável’ depende de ações urgentes contra mudanças do clima

‘Futuro habitável’ depende de ações urgentes contra mudanças do climaReflorestamento é uma das respostas para as mudanças climáticas. Foto: Manoela Meyer/ISA

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Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas, divulgado nesta segunda-feira, 20/3, aponta que o ritmo e a escala das medidas tomadas até agora, assim como os planos atuais, são insuficientes para lidar com as mudanças no clima.

O documento alerta que são necessárias medidas mais ambiciosas e mostra que, “se agirmos agora, ainda é possível garantir um futuro sustentável e habitável para todos”. Segundo o relatório, podemos ter muitos benefícios positivos a obter em um mundo ambicioso climaticamente.

O IPCC foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988. A proposta é fornecer avaliações científicas regulares sobre a mudança do clima, suas implicações e possíveis riscos futuros, além de propor opções de adaptação e mitigação. O painel tem 195 países membros, entre eles o Brasil.

“Em 2018, o IPCC destacou a escala sem precedentes do desafio de limitar o aquecimento a 1,5 °C. Cinco anos depois, o desafio é ainda maior devido ao aumento constante das emissões de gases de efeito estufa”, aponta o relatório.

Para se chegar a esse índice de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, é necessário reduzir pela metade as emissões globais até 2030.

“A queima de combustíveis fósseis e o uso desigual e insustentável de energia e terra por mais de um século causaram um aquecimento global de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais. Como resultado, eventos climáticos extremos ocorreram mais frequentes e intensos que têm gerado impactos cada vez mais perigosos para a natureza e as pessoas em todas as regiões do mundo”, aponta o documento.

Aditi Mukherji, uma das autoras do relatório de síntese, diretora do Instituto Internacional de Gestão da Água (IWMI, pela sigla em inglês), aponta que a justiça climática é crucial, pois aqueles que menos contribuíram para a mudança climática são afetados desproporcionalmente. Ao todo, 93 pessoas contribuíram com o documento.

“Quase metade da população mundial vive em regiões altamente vulneráveis ​​às mudanças climáticas. Na última década, o número de mortes em decorrência de inundações, secas e tempestades foi 15 vezes maior em regiões altamente vulneráveis”, disse, em nota, Mukherji sobre o relatório.

Para alcançar as metas de contenção das mudanças climáticas, o IPCC propõe ações que visam reduzir ou evitar a emissão de gases efeito estufa, como o acesso à energia e a tecnologias limpas, eletrificação de baixo carbono e estímulo ao transporte público. “Os benefícios econômicos para a saúde humana derivada apenas da melhoria da qualidade do ar seria aproximadamente a mesma, ou talvez até maior, do que os custos de reduzir ou evitar emissões.”

O Gigante 163 fez um resumo das “respostas de curto prazo” propostas pelo relatório,que dialogam diretamente com a produção agrícola. Confira:

  • Para que o nosso mundo seja sustentável e igualitário, precisamos tomar as medidas certas agora
  • Um futuro resiliente e habitável ainda está disponível para nós, mas as ações tomadas nesta década para produzir cortes de emissões profundos, rápidos e sustentados representam uma janela rapidamente estreita para a humanidade limitar o aquecimento a 1,5°C com mínimo ou nenhum excesso.
  • A mitigação profunda, rápida e sustentada e a implementação acelerada de ações de adaptação nesta década reduziriam as perdas e danos futuros da mudança climática para os seres humanos e ecossistemas.
  • Reduções fortes, rápidas e sustentadas nas emissões de metano podem limitar o aquecimento a curto prazo e melhorar a qualidade do ar. A adaptação pode gerar múltiplos benefícios adicionais, como a melhoria da produtividade agrícola, inovação, saúde e bem-estar, segurança alimentar, subsistência e conservação da biodiversidade.
  • Temos que usar sabiamente nossas terras disponíveis, e proteger a natureza que também nos protegerá. A restauração de ecossistemas, o reflorestamento e o florestamento poderiam gerar sistemas de contrapartidas para mitigar a concorrência pelo uso da terra.
  • A cooperação e a tomada de decisões inclusivas com os Povos Indígenas e comunidades locais, bem como o reconhecimento dos direitos inerentes aos Povos Indígenas, é parte integrante para o sucesso da adaptação e mitigação via florestas e outros ecossistemas.
  • A mudança climática tem que ser um problema compartilhado, para que possa ser enfrentado com sucesso. A cooperação internacional é um capacitador crítico para alcançar uma ambiciosa mitigação da mudança climática, adaptação e desenvolvimento resiliente ao clima.

Fonte: Com Agência Brasil