HomeEcologia

Ibama reforça número de brigadistas para combater incêndio em TO

Ibama reforça número de brigadistas para combater incêndio em TOMais de 170 especialistas atuam no Parque Nacional do Araguaia. Foto: Ibama

Produtores agora querem extinguir Parque Serra de Santa Bárbara
Seca prejudica segunda safra de milho e perdas podem chegar a 50%
PF desarticula organização criminosa que atuava como banco paralelo em Mato Grosso

Clima seco, vegetação degradada, ventos e altas temperaturas contribuem para o aumento das chamas no Parque Nacional do Araguaia. O incêndio florestal ocorre até o momento em duas frentes, onde 32 mil hectares já foram consumidos pelas chamas.

Para conter esse avanço, Ibama, ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), com apoio da Polícia Rodoviária Federal, estão em força-tarefa há mais de 20 dias, revezando em turnos, equipes de combate ao fogo. No total são 176 brigadistas (133 do Ibama, 39 do ICMBio e 4 do município de Lagoa da Confusão).

O grande desafio para a equipe é chegar até as chamas. O Parque do Araguaia é extenso, com mais de 170 mil hectares de floresta. Caminhões especiais do Prevfogo/Ibama para o combate a incêndios ajudam a levar grande parte da equipe por terra. Já em locais onde não é possível fazer o caminho, seja pela distância ou pela vegetação, helicópteros fazem o transporte.

Estão sendo utilizados na operação sete aeronaves, sendo três helicópteros (Ibama, Icmbio e PRF) e quatro airtrator (lança água), além de dezenas de veículos e equipamentos de combate.

Dos 176 brigadistas que atuam na linha de frente do combate as chamas, metade é formada por indígenas de quatro etnias, Krao, Xerente, Karajá e Javaé.

Um deles é o Xerente Eduardo. Com mais de 55 anos de idade, o indígena conta que trabalha como brigadista contratado do Ibama há quase nove anos. Já atuou em incêndios em vários estados do país.

“Fogo é fogo em qualquer lugar, sempre perigoso quando se perde o controle. Já trabalhei em outros incêndios florestais e é sempre assim, cansaço grande, muito calor, mas não podemos perder pro fogo”, afirmou o brigadista.

Três bases de trabalho foram montadas no parque, com cozinha, banheiro e barracas para dormir. Nas três, a divisão de espaço entre os indígenas brigadistas é respeitada. Cada etnia se reúne em local diferente no acampamento. Apesar da divisão na hora do descanso e do alimento, na hora do trabalho todos se unem pela mesma causa.

“A gente tem que trabalhar unido, com o branco e com os outros indígenas”, disse o Xerente Eduardo.

Os dois focos de incêndio no parque podem ter origens diferentes, isso porque existe a possibilidade de que em um deles o fogo tenha surgido com a descarga elétrica de um raio.

De acordo com o Superintendente do Ibama no Tocantins, Leandro Milhomem, em junho deste ano foi realizada uma queima prescrita no entorno do parque com a finalidade de se criar uma barreira de proteção.

“A queima prescrita, bem controlada, cria uma barreira natural para prevenir a propagação das chamas quando ocorrem incêndios florestais. No caso do parque, por já ter histórico de incêndios na temporada de calor, a gente se antecipa para mitigar ao máximo incêndios que possam surgir”, concluiu Milhomem.

De acordo com o Diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt, o Instituto está reforçando a frota de veículos terrestres para levar os brigadistas até o parque. Além do trabalho com o ICMBio, a parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está sendo de grande importância no combate as chamas no parque, afirmou o diretor.

“A PRF está nos auxiliando com o apoio de aeronaves maiores e preparadas para trabalhos como esse no Araguaia. Nesse momento, onde vários focos de incêndios ocorrem no país, a ajuda, a parceria, tem que vir a tempo”.

Schmitt afirmou que o Ibama irá repassar R$ 2,5 milhões para o ICMBio pagar despesas com as aeronaves utilizadas na operação.

O diretor, a coordenadora do Prevfogo, Flávia Saltini e o supervisor do Ibama Tocantins, Leandro Milhomem, foram pessoalmente até o local dos incêndios no parque para conversar com os brigadistas e saber das dificuldades enfrentadas por eles.

“Enfrentar o fogo, incêndios dentro de uma floresta, sem água, com o calor não só das chamas, mas do clima, não é fácil para ninguém. A gente que fica no comando das ações, tem que sair da sede e entender em campo como tudo isso funciona. Essa observação traz também experiência para a gente, para a compra de equipamentos de segurança, para o transporte, para a segurança de vida desses brigadistas, afirmou Saltini.

Parque do Araguaia

O Parque Nacional do Araguaia foi criado durante a gestão do presidente Juscelino Kubitschek, em dezembro de 1959, no norte do estado de Goiás, atualmente Tocantins. Inicialmente, o Parque Nacional do Araguaia ocupava toda a área da Ilha do Bananal, cerca de 2 milhões de hectares. Após diversas mudanças em sua área, o Parque Nacional ocupa, atualmente, apenas o norte da Ilha, com 180.056 hectares.

O parque divide a Ilha do Bananal com reservas indígenas, entre as quais, a dos índios Carajás.

O Parque Nacional do Araguaia está situado em uma faixa de transição entre a Floresta Amazônica, o Cerrado e Pantanal. A fauna é rica e diversificada, apresentando animais que habitam o cerrado e a região amazônica. As espécies mais comuns são a onça-pintada, a arara-azul, o gavião real e a águia pescadora. Mamíferos ameaçados também são encontrados, como o tamanduá-bandeira, o cervo-do-pantanal, a ariranha e os botos. Já as aves, o local abrigam mais de 660 espécies, como a ema, a arara azul e o uirapuru. Entre os répteis é possível ver tartaruga-da-amazônia, sucuris, jibóias e jacaré-açu.

Fonte: Ibama