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Incêndios fazem Brasil liderar perda de floresta no mundo

Incêndios fazem Brasil liderar perda de floresta no mundoBrasil concentrou 42% da destruição de floresta tropical primária. Foto: Agência Brasil

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O Brasil foi o país que mais perdeu floresta tropical no mundo em 2024. De acordo com dados do Global Forest Watch divulgados pelo World Resources Institute (WRI), 42% de toda a floresta tropical primária destruída no planeta estava em território brasileiro. Pela primeira vez desde o início das medições do GFW, foram os incêndios — e não a agropecuária —a principal causa da perda de florestas primárias tropicais, especialmente na Amazônia e no Pantanal.

Na Amazônia, a perda de floresta foi 110% maior que em 2023, e 60% dessa destruição foi causada pelo fogo. Segundo o relatório, a seca extrema, a mais forte em 70 anos, somada ao calor intenso, favoreceu a propagação das chamas. No Pantanal, o fogo também causou grandes estragos: o bioma perdeu 1,6% de sua vegetação em 2024 — mais que o dobro da média nacional (0,83%) -, sendo  57% devido a incêndios.Estudos citados mostram que os incêndios na região estão 40% mais intensos por causa das mudanças no clima.

No Cerrado, houve uma queda de 14% na destruição da vegetação em relação ao ano anterior. Mas, segundo os pesquisadores, essa variação ainda está dentro do esperado e não significa uma melhora consistente.

“Este nível de perda florestal é diferente de tudo que vimos em mais de 20 anos de dados”, destaca Elizabeth Goldman, co-diretora do Global Forest Watch do WRI. “É um alerta vermelho global — um chamado coletivo à ação para cada país, cada empresa e cada pessoa que se preocupa com um planeta habitável. Nossas economias, nossas comunidades, nossa saúde — nada disso pode sobreviver sem florestas.”

Além dos incêndios, o desmatamento causado pela expansão da agricultura — como plantações de soja e criação de gado — continua sendo uma das principais ameaças às florestas. O relatório destaca que grande parte do desmatamento recente no País é considerado ilegal.

Mesmo com ações importantes adotadas em 2023, como o reforço da fiscalização e a proteção de terras indígenas, o avanço da destruição preocupa. Projetos de lei em estados como Mato Grosso e Rondônia que pretendem afrouxar regras contra o desmatamento podem colocar em risco até mesmo a produção agrícola, já que a perda de florestas pode afetar o regime de chuvas.

Para combater essa perda, o mundo precisa de ação em múltiplas frentes: prevenção de incêndios mais forte, cadeias de suprimentos de commodities livres de desmatamento, melhor aplicação das regulamentações comerciais e aumento do financiamento para a proteção florestal.