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Mudança climática aumenta risco de contágio de doenças infecciosas

Mudança climática aumenta risco de contágio de doenças infecciosasInundações, como a de Petrópolis, podem espalhar hepatite. Foto: Agência Brasil

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As mudanças climáticas têm afetado negativamente a produção agrícola em todo o mundo. Por aqui, as secas no Sul e as enchentes do Nordeste, que ocorreram neste ano, são uma triste constatação de como eventos extremos podem causar grandes prejuízos à economia.

Mas e aos seres humanos? Como inundações, ondas de calor, baixa umidade do ar,  chuvas em excesso, entre outros fenômenos, afetam nossa saúde?

De acordo com um novo estudo da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, 218 das 375 doenças infecciosas humanas conhecidas tiveram sua incidência aumentada nos últimos anos por causa desses eventos.

Para além da covid-19

Publicado em agosto deste ano na revista científica Nature, segundo a BBC, o levantamento foi iniciado com o objetivo de descobrir se as mudanças climáticas poderiam ter influenciado o surgimento e a expansão da covid-19. Mas ele acabou sendo ampliado durante o processo, e os cientistas cruzaram dados com mais de 70 mil artigos científicos e a incidência das mudanças climáticas em doenças.

Na relação entre a intensificação de eventos extremos com a incidência de doenças não-infecciosas, a pesquisa  revelou que pelo menos 223 das 286 doenças únicas elencadas apresentaram alguma piora associada ao clima extremo.

Para o colombiano Camilo Mora, professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da Universidade do Havaí, que liderou esse estudo, “as mudanças climáticas complicaram 58% de todas as doenças que existem na humanidade”.

Para ilustrar nossa vulnerabilidade diante da constatação da pesquisa, Mora usa um cenário hipotético para ajudar a explicar a relação:

“Eu posso me sentir forte, mas, de repente, aparece o Mike Tyson. Posso até aguentar com ele, mas ele vai me dar uma surra. Mas, se nesse mesmo cenário aparecerem outros três como ele, eu não vou sobreviver”, disse à BBC.

Principais influenciadores

Entre os principais fenômenos causados ​​pelas mudanças climáticas, eles listaram quatro que mais influenciam as doenças: aquecimento global (que atinge 160 doenças), aumento das chuvas (122), enchentes (121) e seca (81).

“Inundações, por exemplo, podem espalhar hepatite. O aumento das temperaturas pode aumentar a vida dos mosquitos portadores da malária. As secas podem trazer roedores infectados com hantavírus para as comunidades enquanto procuram comida”, escreveram Tristan McKenzie (Universidade de Gotemburgo, Alemanha), Camilo Mora e Hannah von Hammerstein (Universidade do Havaí, EUA), autores do estudo, no site The Conversation.

O que fazer?

Os autores alertam sobre ameaça significativa à vida humana, à saúde e ao bem-estar socioeconômico causada pelas mudanças climática. E o quão extensa essa ameaça pode ser. É preciso urgentemente, de acordo com os pesquisadores, que a humanidade reduza as emissões de gases de efeito estufa.

“Com as mudanças climáticas influenciando mais de 1.000 vias de transmissão como essas e os riscos climáticos cada vez mais globais, concluímos que esperar que as sociedades se adaptem com sucesso a todas elas não é uma opção realista. O mundo precisa reduzir as emissões de gases de efeito estufa que estão impulsionando as mudanças climáticas para reduzir esses riscos”, diz o relatório.