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Por que o desmatamento caiu na Amazônia e subiu no Cerrado?

Por que o desmatamento caiu na Amazônia e subiu no Cerrado?Bioma tem papel fundamental para o país. Foto: Wikimedia Commons

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O Brasil encerra o semestre comemorando a queda no desmatamento da Amazônia, mas preocupado com a devastação no Cerrado. O que teria levado ao êxito no primeiro caso e o aumento dos números negativos no segundo que, ainda por cima, têm áreas com identidades dos responsáveis conhecidas? O site G1 ouviu especialistas para desvendar o assunto.

Ações decisivas para Amazônia

Entre os principais motivos estão a intensificação da fiscalização na Amazônia  e a retomada da cobrança de multas a infratores ambientais, com aumento de 167% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As multas doeram no bolso e totalizaram R$ 2,3 bilhões.

Já o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aplicou 452 termos de destruição de equipamentos usados em crimes ambientais (alta de 138%).

Com o uso da tecnologia, houve o retorno da aplicação de embargos remotos onde um crime ambiental é cometido. Foram 3.341 autos de infração (aumento de 166%) e, por fim, a aplicação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).

Os desafios no Cerrado

De acordo com a reportagem, o governo federal vê dificuldade de monitorar autorizações para desmatamento, pois estima que mais da metade do desmate no bioma tenha sido autorizado por órgãos ambientais regionais.

Além disso, as áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR) lideram desmatamento: 76% dos alertas foram registrados em áreas cujos proprietários são cadastrados.

Ainda pesam a falta de reconhecimento do território ocupado por povos tradicionais (apenas 8% do bioma são legalmente protegidos com unidades de conservação), um plano específico para o Cerrado e o impacto de 26 municípios concentrarem cerca de 50% dos alertas de janeiro a junho de 2023.

Para isso, o governo quer definir pontos críticos no Cerrado para inclusão Pacto Federativo pelo Desmatamento Ilegal Zero.

De olho no bioma

Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, esses primeiros resultados positivos em relação à Amazônia não podem dar a falsa sensação de que a causa está ganha.

“O governo tem um pacote em prática para reduzir o desmatamento, mas o congresso tem um pra acelerar. Tem que ficar com um olho no chão da floresta e outro no tapete do congresso porque o combate ao desmatamento se dá nesses dois setores”, disse.

De acordo com Isabel Figueiredo, coordenadora do Programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), os números recordes significam que o bioma está absorvendo os impactos do maior rigor com a Amazônia.

Uma das alternativas para ajudar a refrear isso é o reconhecimento dos territórios ocupados por povos e comunidades tradicionais. Figueiredo, que também é integrante do Projeto Ceres (Cerrado Resiliente), lembrou que é preciso que se compreenda a relevância do Cerrado para o Brasil.

“Tido como o ‘berço das águas’ do país, ele abriga reservas hídricas que vertem para a bacia amazônica”, concluiu.