HomeEconomia

Acordo internacional beneficia produtor com boas práticas

Acordo internacional beneficia produtor com boas práticasMedidas incluem sistemas digitais de rastreabilidade. Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

Sustentabilidade está entre as prioridades do GT da Agricultura
Produtor com CAR regularizado terá incentivos no Plano Safra
Brasil discute sustentabilidade do agronegócio no G20

Produtores brasileiros que já investem em boas práticas ambientais e rastreabilidade poderão ganhar vantagem competitiva nas exportações para a China. Um protocolo bilateral em construção entre os dois países pretende reconhecer oficialmente certificações e sistemas de rastreamento já utilizados no Brasil, criando novas oportunidades para a soja cultivada de forma sustentável.

Segundo a Folha de São Paulo, a proposta é alinhar metodologias para medir emissões, uso do solo e manejo ambiental, de modo que selos como o Selo ABC+ e o programa Soja Plus sejam aceitos como prova de sustentabilidade pelas autoridades e empresas chinesas. A expectativa é que o acordo facilite as exportações, reduza barreiras não tarifárias e valorize o produto brasileiro no maior mercado consumidor do mundo.

Entre as medidas previstas estão a integração de sistemas digitais de rastreabilidade, uso de QR codes com dados ambientais e compartilhamento de bases de dados. A iniciativa foi tratada durante missão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) à China, em junho, com participação da Embrapa e da ApexBrasil.

Embora o protocolo também contemple a carne bovina, a soja, principal item da pauta exportadora para o país asiático, ocupa papel estratégico. Além de atender à demanda por ração animal, derivados como óleo e proteína vegetal já começam a ser submetidos à exigência de rastreabilidade ambiental em redes de supermercados chinesas. Assim, a regulação pode antecipar regras que tendem a se tornar obrigatórias nos próximos anos.

Uma visita técnica de autoridades chinesas ao Brasil está prevista ainda para este ano, para conhecer de perto tecnologias e sistemas locais. Caso o acordo seja fechado, o reconhecimento mútuo das certificações poderá fortalecer o comércio sino-brasileiro e ampliar as oportunidades para produtores que já seguem práticas de baixo carbono.

Posicionamento estratégico

O movimento chinês acompanha uma tendência global de maior rigor na verificação da origem e do impacto ambiental dos alimentos. Algumas redes de supermercados no país asiático já exigem QR codes com informações sobre rastreabilidade e pegada de carbono, e o modelo tende a se estender a grãos como a soja e seus derivados. Para exportadores brasileiros, adaptar-se a essas exigências será fundamental para manter e ampliar espaço no mercado.

A expectativa é que a visita técnica de autoridades chinesas ao Brasil, prevista para este ano, consolide o alinhamento entre as regras dos dois países. O fortalecimento dessa relação comercial acontece em um momento de disputa geopolítica, com os Estados Unidos impondo tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Para o governo, diversificar mercados e garantir reconhecimento internacional às certificações nacionais são passos estratégicos para proteger e expandir as exportações.

 

LEIA MAIS:

Agro brasileiro vê impacto de US$ 5,8 bilhões com tarifaço dos EUA

Tarifaço pressiona cadeia do algodão, que vê oportunidade na Ásia

China habilita 183 empresas brasileiras a exportar café para o país

China se rende ao café e isso pode ser bom para o Brasil

Cresce 150% exportação de gergelim de MT para a China

Tarifas dos EUA entram em vigor e Brasil aciona a OMC

Suco de laranja e fertilizante escapam das tarifas dos EUA