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Agricultura será a mais impactada pelo clima, diz estudo

Agricultura será a mais impactada pelo clima, diz estudoMudança de uso de solo contribui para mudanças climáticas. Foto: Pixabay

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Por André Garcia

A agricultura será o setor econômico brasileiro mais prejudicado pelos impactos das mudanças climáticas nas próximas décadas. A avaliação faz parte do estudo “Top Trends COP30”, da consultoria Ideia Sustentável, que analisou os efeitos do clima sobre áreas estratégicas como infraestrutura urbana, biodiversidade, finanças e energia, de olho nos debates que estarão em pauta na conferência do clima, que acontece em Belém em novembro.

O levantamento ouviu 18 especialistas em sustentabilidade, clima e finanças, que apontaram que os efeitos das alterações no regime climático já são sentidos no campo, com quebras de safra mais frequentes, aumento dos preços de alimentos e perdas na produção de culturas estratégicas, como café, arroz e cana-de-açúcar.

De acordo com Luiza Bruscato, diretora executiva da RTRS (Round Table on Responsible Soy), a agricultura sustentável não é Fsmais uma escolha, mas uma exigência estratégica diante da nova realidade climática. A transição, segundo ela, exige o uso de tecnologia, agricultura de precisão e sistemas agroflorestais.

“Este é um tema de alta relevância, alta probabilidade de ocorrência e também de muito alto impacto, devido à importância da agricultura no Brasil, que é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo”, afirmou.

Impactos já visíveis no campo

O pesquisador Oswaldo Lucon, conselheiro de Política Climática do Governo de São Paulo, avalia que os efeitos já estão em curso.

“As quebras de safra são cada vez mais frequentes. O preço do café dispara, os estoques de arroz diminuem e, quando falta chuva, a cana pega fogo antes da colheita, comprometendo a produção de etanol e açúcar”, exemplificou.

Já o especialista Victor Anequini, gerente de advocacy no Centro Brasil no Clima (CBC), ressaltou a importância do setor para a posição geopolítica do Brasil na produção de alimentos. “O Brasil pode aproveitar a visibilidade da COP 30 para mostrar ao mundo experiências bem-sucedidas de agricultura adaptada ao clima”, afirmou.

Oportunidades para o Brasil

Para Lucon, o Brasil ainda enfrenta um cenário de forte dependência de fertilizantes sintéticos, monocultura e desrespeito a áreas de preservação legal. Para mudar essa realidade, ele defende investimentos na diversificação das culturas, na adoção de tecnologias como a hidroponia em ambientes controlados e na proteção do patrimônio genético.

Entre as soluções com maior potencial de expansão, Anequini destacou os sistemas agroflorestais e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Segundo o especialista, essas alternativas ainda são minoritárias, mas têm capacidade para ampliar a produção de forma sustentável e diversificada.

O estudo aponta que, se bem estruturado, o Brasil tem condições de liderar a construção de modelos agrícolas mais resilientes e de baixo carbono, com benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a economia.

Entre as oportunidades destacadas está a exportação de tecnologias sustentáveis com identidade brasileira. Exemplos disso são a expansão de sistemas agroflorestais e ILPF e o investimento em pesquisa e inovação, especialmente para reduzir perdas na cadeia produtiva e garantir a proteção de polinizadores e espécies ameaçadas.

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